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Vitória nas primárias tem sabor de derrota para Kirchner

Chapa governista saiu com um amargo sabor de derrota das eleições por causa da significativa diminuição de votos em relação a 2011

Presidente da Argentina, Cristina Kirchner, deposita seu voto na urna em uma estação eleitoral de Rio Gallegos, na Patagônia (Andres Arce)

Presidente da Argentina, Cristina Kirchner, deposita seu voto na urna em uma estação eleitoral de Rio Gallegos, na Patagônia (Andres Arce)

DR

Da Redação

Publicado em 13 de agosto de 2013 às 07h55.

Buenos Aires - A chapa governista Frente para a Victoria foi a chapa política mais votada nas eleições primárias deste domingo na Argentina, mas o resultado tem sabor de derrota para o governo de Cristina Kirchner por causa da significativa diminuição de votos em relação ao pleito presidencial de 2011.

De acordo com os dados da apuração, a Frente para a Victoria (FPV) obteve em todo o país 26,31% dos votos na primária para deputados e 27,45% na de senadores, quase o dobro alcançado pela coligação que ficou em segundo lugar.

"Somos a maior força nacional e, além disso, somos governo", disse ontem Cristina, que em outubro de 2011 foi eleita com 54% dos votos.

Mas a vitória do governo nas primárias de domingo dá indícios de que as eleições legislativas vão ser mais apertadas para a base governista. "Trata-se do pior desempenho do governo desde que assumiu o poder", disse hoje à Agência Efe o analista Patrício Giusto, da empresa de consultoria Diagnóstico Político, para quem "a tendência é irreversível e vai se reforçar nas eleições de outubro".

Pelo resultado de domingo, segundo o qual a FPV perdeu nos distritos mais povoados do país, Giusto vê "um voto de castigo muito claro".

"Acho que a economia foi um fator importante, mas influiu sobretudo o desgaste da relação da presidente com o eleitorado, o tratamento autoritário, as mentiras permanentes, por exemplo com a inflação, e os escândalos de corrupção dos últimos tempos", sustentou Giusto.

Orlando D"adamo, diretor do Centro de Opinião Pública da Universidade de Belgrano, concorda que na primária sobressaiu "um voto de castigo ao estilo da presidente".

"Também influíram medidas como o controle cambial, antipáticas para com a classe média, que a apoiou nas eleições presidenciais e agora a deixou, como se vê, porque a FPV perdeu em todas as cidades grandes do país, onde se concentram as classes médias", disse D"adamo.

O principal dissabor para o governo foi o triunfo na província de Buenos Aires - maior distrito eleitoral do país - de Sergio Massa, ex-chefe de Gabinete de Cristina e hoje um de seus principais críticos e principal candidato a deputado da coligação de oposição Frente Renovadora.

O governo também acusou o golpe da derrota em distritos menores, mas com peso simbólico, como a província de Santa Cruz, terra natal do ex-presidente Néstor Kirchner (2003-2007), marido e antecessor de Cristina, onde a FPV conquistou um amargo terceiro lugar.

"O resultado tem poucas consequências, porque é uma província pequena, mas é uma mensagem clara ainda mais porque a lista de candidatos governista tinha o filho da presidente (Máximo Kirchner)", apontou D"adamo.

Para Giusto, a expressão das urnas marca "o começo da etapa do pós-kirchnerismo, na qual haverá realinhamentos em função das novas lideranças".

Entre estas novas lideranças está o próprio Massa, de 41 anos e atual prefeito de Tigre que, segundo Giusto, "fica muito bem posicionado para as eleições presidenciais de 2015".

Por outro lado, para Cristina, o panorama para 2015 é mais sombrio agora. Para aspirar a um terceiro mandato, deveria conseguir nas eleições de outubro mais cadeiras no Parlamento que lhe permitam conseguir uma reforma constitucional.

"O sonho da re-reeleição dorme em uma lápide, o que é uma consequência extremamente grave, porque o sonho da continuidade chega ao final e apareceu um concorrente muito importante em Massa", argumentou D"adamo.

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