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Vitória da esquerda no Senado francês ameaça Sarkozy

Direita não terá o controle da casa pela primeira vez em 53 anos; presidente tentará a reeleição em 2012

A vitória da esquerda no Senado foi um grande revés para Sarkozy (Eric Feferberg/AFP)

A vitória da esquerda no Senado foi um grande revés para Sarkozy (Eric Feferberg/AFP)

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Da Redação

Publicado em 26 de setembro de 2011 às 18h16.

Paris - Já abalado pelo escândalo dos financiamentos políticos, o presidente francês Nicolas Sarkozy sofreu uma derrota histórica com a perda do Senado, um sério alerta para as eleições presidenciais entre abril e maio do próximo ano.

Verdadeiro "terremoto" político, a oposição de esquerda levou a maioria absoluta do Senado durante a renovação da metade das cadeiras do Parlamento, que era controlado pela direita desde 1958.

Passado o choque dos resultados, cada lado se projeta para 2012. O Partido Socialista (PS) vê, com o redirecionamento à esquerda do Senado, as premissas de uma vitória na próxima primavera (hemisfério norte), enquanto o partido presidencial UMP relativiza o alcance dos votos e ainda mostra confiança em seu provável candidato, Nicolas Sarkozy.

O ministro das Relações Estrangeiras, Alain Juppé, explicou nesta segunda-feira que esta "derrota" no Senado aconteceu devido à "divisão" da UMP. Ele fez um apelo para que seu partido supere esta tendência "suicida" para 2012.

Se uma possível vitória da esquerda nas eleições do Senado já era prevista, o choque foi grande para Nicolas Sarkozy. A oposição possui duas cadeiras a mais do que a maioria absoluta (177 de 348).

A esquerda controla agora uma instituição encarregada, junto da Assembleia Nacional, de examinar e de votar projetos de lei, tratados e convenções internacionais. Embora a Constituição dê à Assembleia o papel principal, a esquerda pode retardar a aprovação de textos no Parlamento.

O Senado era considerado como uma fortaleza da direita graças a um complexo método de eleição indireta, que assegurava uma sobre-representação nas regiões rurais, de reputação conservadora. Mas, o êxito da esquerda nas últimas eleições locais e regionais modificou a composição dos votos eleitorais.

Para Nicolas Sarkozy, o resultado da eleição será um mais uma bomba em uma semana de pesadelos que começou com novas reviravoltas no caso conhecido como Karachi, quando foram descobertos casos de corrupção e de financiamentos políticos ilegais ligados à venda de submarinos para o Paquistão.

Duas pessoas ligadas ao presidente foram indiciadas e estão sendo investigadas pelo envio de malas com dinheiro entre o Paquistão e a França para financiar a campanha do ex-primeiro-ministro Eduard Balladur nas eleições presidenciais de 1995.


Outro caso envolvendo o ex-ministro do Interior, Brice Hortefeux, que deveria ser seu diretor de campanha em 2012, foi apanhado pela tormenta. Ele é suspeito de ter tido acesso ao relatório do julgamento de instrução e de ter advertido um dos acusados.

Este caso, em que o Palácio da República negou qualquer envolvimento do chefe de Estado, com certeza não contribuiu com a direita nas eleições do Senado.

Os socialistas, em campanha pela primária que escolherá o seu candidato presidencial, encontram neste movimento a esperança de retornar à Presidência, que foi perdida desde a saída de François Mitterrand, no poder de 1981 a 1995.

Existe um "desejo de mudança", explicou Pierre Moscovici, assessor de François Hollande, favorito nas pesquisas para a primária.

Nicolas Dupont-Aignan, que integrou o UMP, fez um pedido para que o atual chefe de Estado não se candidate em 2012, afirmando que há uma "alergia do povo à presidência de Sarkozy".

O presidente do Senado será eleito no dia primeiro de outubro. Uma eleição de forte valor simbólico, por eleger o segundo personagem do Estado na ordem protocolar e que assume interinamente o cargo de presidente em caso de incapacidade ou morte.

As eleições do Senado já provocaram uma ligeira remodelação: a ministra dos Esportes Chantal Jouanno, eleita para o Senado, renunciou e foi substituída pelo ex-judoca David Douillet, antes secretário de Estado encarregado por francês no exterior.

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