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Violência em Hong Kong com gás lacrimogêneo e coquetéis molotov

Manifestantes tomaram as ruas da ex-colônia britânica nos bairros do centro de Hong Kong, Causeway Bay e Central

Protestos em Hong Kong, dia 15/9/2019 (Jorge Silva/Reuters)

Protestos em Hong Kong, dia 15/9/2019 (Jorge Silva/Reuters)

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AFP

Publicado em 15 de setembro de 2019 às 13h54.

A polícia de Hong Kong reprimiu neste domingo com bombas de gás lacrimogêneo e jatos d'água manifestantes pró-democracia, que lançaram pedras e coquetéis molotov contra as forças de segurança.

Dezenas de milhares de manifestantes tomaram as ruas da ex-colônia britânica nos bairros do centro de Hong Kong, Causeway Bay e Central, apesar de a polícia ter proibido a mobilização.

Em um cenário que começa a se tornar rotineiro após três meses de protestos, a manifestação gerou confrontos entre policiais e grupos radicais que tentaram invadir o complexo que abriga a sede do Executivo.

Canais de TV locais mostraram manifestantes rasgando e incendiando uma faixa que comemorava o 70º aniversário de fundação da China comunista. Também foi queimada uma bandeira chinesa.

Os manifestantes ergueram barricadas e destruíram algumas estações de metrô, antes de fugirem diante da chegada de policiais.

Ajuda do Reino Unido

Antes das cenas de caos, manifestantes se reuniram em torno do consulado da Grã-Bretanha para pedir a Londres medidas de proteção aos habitantes da antiga colônia britânica. Alguns cantaram o Hino britânico agitando a Union Jack e a bandeira da antiga colônia de Hong Kong. "É decepcionante que a Grã-Bretanha não tenha feito nada para nos apoiar", comentou o manifestante Alex Leung.

A crise começou com a denúncia a um projeto de lei que propunha a legalização das extradições para a China. Mas o movimento se transformou em uma denúncia do corte de liberdades no teritório, e partiu para a exigência de reformas democráticas.

Ativistas e analistas dizem que o movimento só terminará quando as autoridades aceitarem algumas exigências essenciais, como uma investigação sobre a polícia, a anistia das quase 1,4 mil pessoas presas e o voto universal. Mas nada indica que Pequim aceitará estas exigências.

"Tratado vinculante"

Neste domingo, manifestantes acusaram Londres de não pedir uma prestação de contas suficiente à China. "A declaração comum sino-britânica é NULA", denunciava um cartaz. Manifestantes pediam a possibilidade de habitantes de Hong Kong obterem a nacionalidade britânica ou de outro país da Comunidade Britânica.

Centenas de milhares de habitantes de Hong Kong obtiveram, antes ou depois da devolução da ex-colônia, um passaporte especial emitido por Londres e reservado aos "cidadãos britânicos do exterior" ("British National Overseas", BNO), um título que facilita as entradas na Grã-Bretanha, mas não dá direito a trabalho ou residência.

"Pelo menos com cidadania plena e completa, poderiam proteger os habitantes de Hong Kong frente ao governo chinês", declarou o manifestante Anthony Chau, portador de um passaporte BNO.

Cerca de 130 parlamentares britânicos assinaram nesta semana uma carta aberta pedindo à Grã-Bretanha e aos países da Comunidade Britânica que acolham os habitantes de Hong Kong que desejarem emigrar.

Pequim acusou esta mobilização de ser financiada por capitais estrangeiros, apontando para Grã-Bretanha e Estados Unidos, embora sem apresentar provas.

A Grã-Bretanha, por sua vez, encontra-se em uma situação difícil. Por um lado, deve preservar sua relação com a potência econômica chinesa, principalmente no contexto incerto do Brexit. Por outro, expressou preocupação com a evolução de sua ex-colônia e explicou que tem o dever de velar pelo respeito à declaração sino-britânica.

"A declaração conjunta é um tratado legalmente vinculante entre Grã-Bretanha e China, e é hoje tão vinculante quanto quando foi assinado e ratificado, há mais de 30 anos", assinalou em junho um porta-voz do Foreign Office.

Os manifestantes intensificaram recentemente seus esforços para sensibilizar a comunidade internacional e obter apoio à sua causa.

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