Mundo

Violência continua e cresce pressão por trégua em Gaza

Israel bombardeou dezenas de supostos redutos de militantes na Faixa de Gaza, enquanto palestinos continuaram disparando foguetes contra o sul israelense

Israel intensificou ataques contra a Faixa de Gaza pelo sexto dia (Mohammed Salem/Reuters)

Israel intensificou ataques contra a Faixa de Gaza pelo sexto dia (Mohammed Salem/Reuters)

DR

Da Redação

Publicado em 19 de novembro de 2012 às 10h12.

Gaza/Jerusalém - Israel bombardeou nesta segunda-feira dezenas de supostos redutos de militantes na Faixa de Gaza, e os palestinos continuaram disparando foguetes contra o sul israelense, enquanto se intensifica a pressão internacional por uma trégua no conflito que já deixou 90 mortos.

Doze civis palestinos e quatro combatentes foram mortos nos bombardeios, elevando a 90 o total dos mortos em Gaza desde o início dos ataques, na quarta-feira. Autoridades locais dizem que mais de metade das vítimas fatais era composta por não combatentes. Três civis israelenses também foram mortos.

Após uma madrugada de relativa calma, militantes da Faixa de Gaza dispararam 12 foguetes contra o sul de Israel num intervalo de dez minutos, sem causar vítimas, segundo a polícia israelense. Um dos projéteis caiu perto de uma escola, que estava fechada no momento.

As mortes de 11 civis palestinos --sendo nove de uma só família, abrangendo quatro gerações-- em um bombardeio no domingo motivaram novos apelos internacionais pelo fim dos seis dias de hostilidades. O fato também pode colocar em xeque o apoio ocidental a uma ofensiva que Israel diz ser justificada pela autodefesa, após anos sofrendo ataques de foguetes.

Os militares israelenses não comentaram relato do jornal esquerdista Haaretz, segundo o qual a casa da família Dalu foi atingida por engano, numa ação que tinha como alvo um especialista em foguetes do grupo islâmico Hamas, que governa Gaza.

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, é esperado no Cairo para dar peso às tentativas de mediação feitas pelo governo do Egito. A imprensa israelense disse que uma delegação do país também está no Cairo, mas o governo do premiê Benjamin Netanyahu não quis comentar essa informação.

Falando em Bruxelas antes de uma reunião de ministros das União Europeia, o chanceler italiano, Giulio Terzi, disse haver condições para "um cessar-fogo nas próximas horas", e que o governo de Israel sinalizou "não haver interesse algum" em invadir Gaza.

"Obviamente, essa moderação israelense deve se basear numa garantia de que os lançamentos de foguetes devem parar", acrescentou.

Na segunda-feira, a China pediu aos envolvidos que parem a violência, e o presidente dos EUA, Barack Obama, afirmou no fim de semana que seria "preferível" se Israel não invadisse Gaza por terra.


A presidente Dilma Rousseef conversou no domingo por telefone com o presidente egípcio, Mohammed Mursi, e com o secretário-geral da ONU, Ban Ki Moon, sobre a crise no Oriente Médio. Segundo o Blog do Planalto, Dilma manifestou a Ban ""a preocupação do Brasil com o uso desproporcional da força no conflito entre Israel e a Palestina, e disse que é importante que as Nações Unidas assumam plenamente as suas responsabilidades na questão.

Izzat Risheq, assessor da liderança política do Hamas, escreveu no Facebook que o grupo só aceitará uma trégua se Israel "parar sua agressão, acabar sua política de assassinatos dirigidos e suspender o bloqueio a Gaza".

Pelo Twitter, o vice-premiê israelense, Moshe Yaalon, listou as condições do seu governo: "Se houver tranquilidade no sul e nenhum foguete ou míssil for disparado contra os cidadãos de Israel, nem ataques terroristas forem engendrados a partir da Faixa de Gaza, não haverá ataque".

Yaalon disse também que Israel espera o fim da atividade guerrilheira de palestinos na vizinha península do Sinai, região desértica e pouco vigiada que pertence ao Egito.

Bombardeios 

Israel bombardeou cerca de 80 locais em Gaza durante a noite, segundo os militares, que acrescentaram em nota que os alvos incluíam "locais subterrâneos para o lançamento de foguetes, túneis do terrorismo e bases de treinamento", além de "edifícios pertencentes a operadores terroristas graduados".

Netanyahu diz ter dado garantias aos líderes mundiais de que Israel vai se empenhar ao máximo para evitar vítimas civis em Gaza. Mas pelo menos 22 dos mortos na região até agora foram crianças, segundo fontes médicas.

A China, que tem desenvolvido boas relações com Israel, disse na segunda-feira estar extremamente preocupada com as operações militares de Israel em Gaza. "Condenamos o uso excessivo da força causando mortes e ferimentos entre pessoas comuns inocentes", disse Hua Chunying, porta-voz da chancelaria.


Antes de embarcar para o Cairo, Ban pediu a Israel e aos palestinos que cooperem com os esforços do Egito na busca por um cessar-fogo.

Em cenas que lembravam a invasão israelense a Gaza no inverno boreal de 2008/09, tanques, artilharia e infantaria se concentraram em acampamentos ao longo da fronteira - um trecho de areia rasgado por uma cerca de arame farpado -, enquanto comboios militares se deslocavam pelas estradas da região.

Israel autorizou a convocação de até 75 mil militares reservistas, e até agora mobilizou cerca de metade deles.

Um ataque mais sangrento com um foguete palestino poderia ser suficiente para que Netanyahu autorizasse uma ofensiva terrestres, apesar dos riscos políticos que podem decorrer caso Israel sofra um número elevado de baixas. Netanyahu disputa um novo mandato em janeiro, e é favorito para conquistá-lo.

Segundo pesquisa do Haaretz, 84 por cento dos israelenses apoiam a ofensiva em Gaza, mas só 30 por cento querem uma invasão. Na opinião de 19 por cento, o governo deveria negociar uma trégua rapidamente.

O objetivo declarado de Gaza é esvaziar os arsenais de Gaza e obrigar o Hamas de interromper o lançamento de foguetes contra cidades israelenses na região da fronteira.

Há anos tais cidades sofrem com os foguetes, mas eles agora estão com alcance maior, chegando a ameaçar Tel Aviv e Jerusalém. Em geral, no entanto, o poderio bélico de Israel continua sendo muito superior.

Autoridades israelenses anunciaram na segunda-feira novas rotas aéreas no acesso ao Aeroporto Internacional Ben Gurion, para evitar riscos associados à operação de sistemas militares de interceptação de foguetes. Não há indicações, no entanto, de que pousos e decolagens no local tenham sido afetados.

Acompanhe tudo sobre:Conflito árabe-israelenseGuerrasIsrael

Mais de Mundo

Eleições no Uruguai: Mujica vira 'principal estrategista' da campanha da esquerda

Israel deixa 19 mortos em novo bombardeio no centro de Beirute

Chefe da Otan se reuniu com Donald Trump nos EUA

Eleições no Uruguai: 5 curiosidades sobre o país que vai às urnas no domingo