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Vinhos finos do Brasil buscam um nicho fora do país

As adegas participantes do programa "Wines of Brasil" venderam no primeiro semestre deste ano no exterior vinhos num valor total de US$ 1,85 milhões, 86% mais que em 2011


	Vinho: em volume, as exportações do primeiro semestre foram de 760.300 litros, 142% mais que entre janeiro e junho de 2011
 (Wayne Langley / Stock Xchng)

Vinho: em volume, as exportações do primeiro semestre foram de 760.300 litros, 142% mais que entre janeiro e junho de 2011 (Wayne Langley / Stock Xchng)

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Da Redação

Publicado em 1 de outubro de 2012 às 11h08.

Bento Gonçalves - Os produtores de vinhos finos do Brasil querem conquistar um nicho no mercado internacional, como os argentinos e os chilenos, e para consegui-lo intensificaram suas campanhas de divulgação e promoção nos Estados Unidos, na Europa e na Ásia.

"Somos pequenos produtores em relação a outras regiões, mas estamos começando a despertar para o velho mundo", disse à Agência Efe o presidente do Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin), Alceu Dalle Molle, durante um ato em Bento Gonçalves, a capital vinícola do Brasil, no Rio Grande do Sul.

Alceu assinalou que assim como a Argentina ganhou mercados com sua produção de tintos elaborados com uva Malbec, e Chile com a Carménere, o Brasil está começando a abrir portas com os espumosos da casta Chardonnay, que junto com a Merlot é das que melhor se adaptou ao solo e às condições meteorológicas do sul do país.

Segundo dados divulgados pelo Ibravin, as adegas participantes do programa "Wines of Brasil", que tem o apoio da Agência Brasileira de Promoção das Exportações (Apex-Brasil), venderam no primeiro semestre deste ano no exterior vinhos num valor total de US$ 1,85 milhões, 86% mais que no mesmo período de 2011.

São números pequenos se for levado em conta que a vitivinicultura gerou no ano passado cerca de R$ 2 bilhões na economia brasileira, mas Alceu considera que o processo de internacionalização, embora seja demorado, caminha bem.

"A abertura de novos mercados é questão de tempo", afirmou o presidente do Ibravin.

Em volume, as exportações do primeiro semestre foram de 760.300 litros, 142% mais que entre janeiro e junho de 2011.

Para tornar os vinhos finos conhecidos no exterior, o Ibravin e a Apex-Brasil organizaram nos últimos meses campanhas de divulgação e rodas de negócios em várias cidades dos Estados Unidos, Alemanha, Holanda, Polônia, Suécia, Finlândia, Reino Unido e China, seu principal comprador.


Nessas campanhas participaram algumas das vinícolas mais importantes do país, como Aurora, Casa Valduga, Basso, Miolo, Salton e Lido Carraro, quase todas de Bento Gonçalves ou de municípios vizinhos.

Um sucesso dos vinhos brasileiros foi a escolha de um tinto da Miolo como o vinho oficial dos passados Jogos Olímpicos de Londres, para os quais a empresa produziu um corte de Shiraz, Tempranillo e um toque de Gamay.

Segundo explicou Miguel Almeida, enólogo da Miolo, o tinto dessa adega foi engarrafado na França, mas com rótulo brasileiro para a Bibendum Wine Limited, encarregada de fornecer o vinho nos Jogos Olímpicos.

"Estamos construindo a imagem dos vinhos brasileiros. É um trabalho que começa a aparecer", disse Almeida, português radicado há alguns anos no Brasil.

Os donos de vinícolas advertem, no entanto, que embora a qualidade de seus vinhos melhore ano após ano, a alta carga tributária encarece a produção, dificulta as exportações.

"A maior dificuldade está no preço porque os impostos encarecem demais a cadeia produtiva", disse à Efe Daniel Panizzi, gerente da Don Giovanni, adega que recentemente começou a exportar para a República Tcheca, seu primeiro mercado externo.


Segundo Panizzi, "os importadores chegam ao Brasil com expectativas (de preços) que poucas vinícolas conseguem atender", o que obstaculiza a abertura de mercados para os pequenos produtores.

Uma experiência diferente é a da Casa Valduga, proprietária de várias vinícolas na região, que há sete anos lançou o Programa Mundvs, mediante o qual produz vinhos na Argentina (Malbec), Chile (Cabernet Sauvignon) e Portugal (Regional Alentejo) com parceiros locais.

"Elaboramos vinhos em sociedade com o que há de melhor em cada um desses países", explica Juciane Casagrande, diretora comercial da Casa Valduga, que começou sua caminhada internacional em 2004 com exportações para Alemanha, Estados Unidos e República Tcheca.

Segundo Juciane, o Programa Mundvs, que produz apenas 60 mil garrafas por ano, será ampliado em breve com a incorporação da Itália, para o qual já têm uma adega da Toscana, e depois Austrália, enquanto da Espanha disse que, embora seja um país que lhes interessa, ainda não têm parceiros locais para produzir.

"O projeto Mundvs é uma iniciativa de caráter econômico, mas também uma troca cultural interessante porque nos permite saber o que o mundo bebe", disse Juciane. 

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