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Vídeo do EI mostra execuções de cristãos etíopes na Líbia

O vídeo, que ostenta o logotipo da EI, não especifica como ou onde as vítimas foram capturadas

Supostos cristãos etíopes capturados pelo grupo Estado Islâmico, em captura de tela de vídeo divulgado por mídias jihadistas, no dia 19 de abril de 2015 (Afp.com / HO)

Supostos cristãos etíopes capturados pelo grupo Estado Islâmico, em captura de tela de vídeo divulgado por mídias jihadistas, no dia 19 de abril de 2015 (Afp.com / HO)

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Da Redação

Publicado em 20 de abril de 2015 às 06h46.

Trípoli - O grupo Estado Islâmico (EI) publicou neste domingo um vídeo mostrando cerca de trinta homens, supostamente cristãos etíopes, sendo executados por jihadistas na Líbia.

O vídeo, de 29 minutos, postado em sites jihadistas, mostra um grupo de pelo menos 16 homens decapitados em uma praia e um outro grupo de 12 pessoas baleadas à morte em uma área de deserto. Eles são identificados como membros da "Igreja etíope inimiga".

Os Estados Unidos condenaram "nos termos mais enérgicos o brutal assassinato dos cristãos etíopes por parte de terroristas" ligados ao EI na Líbia, em um comunicado do Conselho de Segurança Nacional.

Em meados de fevereiro, o EI divulgou um vídeo que mostra a decapitação em uma praia de 21 homens, a maioria confissão copta egípcia, com uma produção semelhante ao vídeo divulgado neste domingo.

Os 12 homens, com roupas laranja, são levados para a praia antes de serem colocado no chão e decapitados com uma faca. Enquanto isso, em uma área de deserto, 16 homens vestidos de preto são mortos à queima-roupa.

Um homem vestido de preto falou em inglês, enquanto os outros algozes, um atrás de cada prisioneiro, aparecem completamente vestidos em trajes militares, e permanecem em silêncio. Todos estão mascarados.

Ele, segurando uma arma, ameaça matar os cristãos que não se converterem ao Islã.

As imagens das execuções concluem o vídeo de 29 minutos. Antes, homens apresentados como cristãos sírios aparecem explicando que os jihadistas lhes deram a opção de se converterem ao Islã ou pagar uma multa, e que eles decidiram dar dinheiro.

O vídeo, que ostenta o logotipo da EI, não especifica como ou onde as vítimas foram capturadas. Lembra a gravação que o grupo jihadista transmitiu em meados de fevereiro, em que mostrava a decapitação de 21 homens em uma praia, a maioria egípcios de confissão copta cristã.

- Etiópia, atacada -

É a primeira vez que o EI filma a execução de etíopes, um país da África Oriental.

Quase dois terços de sua população é cristã, principalmente ortodoxos coptas, uma comunidade que diz viver no chifre da África desde o século I.

Muitos etíopes fugiram de sua terra natal em busca de trabalho, principalmente com destino à Líbia, onde havia muita mão-de-obra estrangeira antes que o país mergulhasse no caos após a queda do regime de Muammar Khadafi no final de 2011.

Os etíopes também se dirigem à Líbia para, a partir de suas costas marítimas, partirem numa perigosa viagem para a Europa, através do Mediterrâneo.

O EI controla áreas inteiras da Síria e do Iraque, onde proclamou um califado, em que multiplica assassinatos e execuções. Alguns desses atos são filmados em vídeo e transmitidos - como o deste domingo - como forma de propaganda para os jihadistas.

O grupo ultrarradical fincou raízes na Líbia se aproveitando da desordem em um país onde milícias armadas vagueiam e dois governos rivais tentam se impor. Os jihadistas controlam, entre outras áreas, a região de Sirte, uma cidade costeira a cerca de 450 quilômetros a leste da capital Trípoli.

A ONU tenta desde março mediar entre as duas potências rivais, organizando reuniões como a que ocorre neste domingo na cidade marroquina de Skhirat, perto de Rabat.

O mediador da ONU, Bernardino Leon, disse no Marrocos que as informações ainda "não confirmadas" de novas "atividades terroristas do EI" são "muito preocupantes".

O chefe da Igreja Anglicana, o arcebispo de Canterbury, Justin Welby, viajou para o Egito para oferecer suas condolências após a decapitação de 21 coptas em fevereiro. Foi agendado um encontro com o presidente Abdel Fattah al-Sissi, o grande imã de al-Azhar, a mais alta autoridade sunita do país, e do papa Copta Teodoro II.

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