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Vídeo de compra de votos mostra fraude eleitoral no Paraguai

O parlamentar Silvio Ovelar argumentou que trata-se de uma montagem para desmascarar um ato ilícito de seus rivais liberais

Campanha contra fraude nas eleições paraguaias (Afp.com / Norberto Duarte)

Campanha contra fraude nas eleições paraguaias (Afp.com / Norberto Duarte)

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Da Redação

Publicado em 20 de abril de 2013 às 17h16.

Assunção - Um vídeo em que um legislador opositor e líderes governistas negociam a compra de votos gera polêmica antes das eleições deste domingo no Paraguai e mostra a vigência de históricas manobras de fraude, denunciadas pela esquerda e combatidas por uma campanha estatal.

Na gravação se vê um senador do partido Colorado (direita conservadora) realizando o que chamou de "trato apu'a" (acordo categórico "de cavalheiros" em guarani) com dois dirigentes do partido Liberal (direita liberal), atualmente no poder.

No vídeo, o parlamentar Silvio Ovelar, suspenso na sexta-feira do Senado por dois meses sem receber salário, oferece aos dirigentes liberais de um assentamento em uma localidade do departamento de Caaguazú (centro) 100.000 guaranis (cerca de 25 dólares) por eleitor que não vote e outro tanto para o próprio eleitor.

Ovelar argumentou em coletiva de imprensa que, na realidade, trata-se de uma montagem para desmascarar um ato ilícito de seus rivais liberais, mas não apresentou provas.

"Quis gravar para demonstrar que eram os liberais que compravam votos, mas deu errado e eu acabei caindo", disse.

O vídeo, divulgado no site do jornal ABC, ilustra um crime eleitoral que, no Paraguai, é uma prática comum.

Nas ruas de Assunção podem ser vistos cartazes de uma campanha da promotoria, lançada no começo de abril, para tentar impedir que os cidadãos aceitem dinheiro em troca da retenção de seus documentos de identidade, necessários para votar.

"Não vendam suas identidades, é crime", é o slogan da campanha de conscientização, uma mensagem que aparece em cartazes, adesivos e nas redes sociais.

A compra e venda de identidades é punida com até cinco anos de prisão, lembra a promotoria, que instalou em sua sede central um centro de processamento de denúncias e linhas telefônicas para recebê-las no dia da eleição.


"A compra de identidade é uma prática muito comum dos dois partidos tradicionais no Paraguai que se aproveitam da necessidade e precariedade da população", disse à AFP o ex-presidente esquerdista Fernando Lugo (2008-2012), ao comentar o ocorrido em Caaguazú.

"É histórico. Nas eleições de 2008, inclusive, foi feito um documentário sobre isso nos bairros periféricos de Assunção e nos assentamentos rurais", acrescentou.

Lugo, que concorre ao Senado pela Frente Guasú, esclareceu que, quando esses crimes são mínimos, não alteram o resultado final, mas quando há 20% de irregularidades, a lei prevê a anulação das eleições.

Entre os crimes eleitorais mais comuns destaca-se, além disso, a destruição de registros de dados, a venda de álcool próximo aos locais de votação e a perturbação da ordem pública.

A Frente Guasú, que agrupa movimentos socialistas e ruralistas, divulgou um "Manual da Fraude" que reúne "as várias armadilhas que são cometidas durante o processo eleitoral" no Paraguai.

Entre elas destaca-se a compra da retenção da identidade, o pagamento para levar gente para votar e o uso de canetas com tinta que desaparece para invalidar a assinatura do presidente da mesa, entre outras manobras.

O manual alerta para o "adversário amável que te convida para um delicioso tereré (infusão de erva mate) com laxante para que não volte mais à mesa".

Outra das fraudes denunciadas, conhecida como "Eu te conheço", consiste em uma pessoa votar com uma identidade que não é dela e quando um membro da mesa questioná-la, muitas pessoas afirmarem que o eleitor é quem diz ser.

Este domingo 3,5 milhões de paraguaios estão convocados às urnas para eleger o presidente e vice-presidente, os membros das duas câmaras do Legislativo, do Parlamento do Mercosul e dos 17 governos departamentais.

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