Emmanuel Macron: maioria do presidente no parlamento esmagou os partidos mais tradicionais da França (Christian Hartmann/Reuters)
Reuters
Publicado em 19 de junho de 2017 às 10h47.
Última atualização em 19 de junho de 2017 às 10h47.
Paris - O governo do presidente da França, Emmanuel Macron, prometeu nesta segunda-feira que irá reformular o cenário político do país, após conquistar uma maioria parlamentar absoluta que buscava para adotar abrangentes reformas pró-crescimento.
O partido de centro de Macron, A República em Marcha (LREM), e seu aliado de centro-direita Modem obtiveram 350 das 577 cadeiras da Assembleia Nacional na eleição de domingo, mesmo diante do recorde de abstenção em uma eleição parlamentar na Quinta República (pós-guerra).
O porta-voz do governo, Christophe Castaner, disse que o baixo comparecimento --mais de 50 por cento dos eleitores ficou em casa-- representa um fracasso da classe política e sublinhou a necessidade de mudar a política francesa.
"A verdadeira vitória não foi na noite passada, será em cinco anos, quando realmente tivermos mudado as coisas", disse Castaner à rádio RTL.
Embora menor do que prevista pelas pesquisas, a maioria de Macron esmagou os partidos mais tradicionais da França, derrotando os socialistas e os conservadores que vinham se alternando no poder há décadas.
"Vitória para o Centro", disse a manchete do jornal à esquerda Libération. Já o jornal financeiro Les Échos mencionou "A Aposta Vitoriosa".
Castaner disse que o primeiro-ministro francês, Édouard Philippe, e seu governo irão renunciar ainda nesta segunda-feira e que um novo gabinete será formado nos próximos dias. Ele ainda disse acreditar que Philippe será reconduzido ao cargo de premiê.
Os investidores saudaram a vitória de Macron, e a diferença entre o rendimento dos títulos franceses e alemães se manteve próxima de seu menor nível em sete meses.
"Após as reformas, que esperamos que Macron implemente, a França pode se tornar a maior das grandes economias da Europa na próxima década, superando a Alemanha, que está acomodada, e um Reino Unido que (por causa da desfiliação britânica da União Europeia, o chamado Brexit) está prejudicando suas perspectivas de crescimento de longo prazo", disse Holger Schmieding, economista-chefe do banco alemão Berenberg.
Macron quer apressar o relaxamento dos regulamentos trabalhistas e reformar o complicado sistema de pensões do país no ano que vem. Durante a campanha ele também prometeu reduzir os impostos corporativos de 33 para 25 por cento e fazer um investimento público de 50 bilhões de euros em energia, treinamento vocacional e infraestrutura de transportes.
A eleição de domingo ainda resultou no acesso de um número recorde de mulheres ao Parlamento, devido em grande parte à decisão de Macron de apresentar uma lista de candidatos bem dividida entre homens e mulheres.