Mundo

Venezuelanos estocam alimentos e gasolina antes de greve geral

Produtos como arroz e pasta de dentes estavam quatro ou cinco vezes mais caros do que o preço de alguns dias atrás

Venezuela: a greve geral contra o governo será quarta e quinta-feira (Ueslei Marcelino/Reuters)

Venezuela: a greve geral contra o governo será quarta e quinta-feira (Ueslei Marcelino/Reuters)

E

EFE

Publicado em 24 de julho de 2017 às 20h14.

Caracas - Vários supermercados de Caracas fecharão nesta segunda-feira com mais prateleiras vazias do que o habitual após os habitantes da capital estocarem alimentos e outros produtos básicos antes da greve geral convocada pela oposição para quarta e quinta-feira contra o governo.

Em antecipação aos bloqueios das ruas previstos durante os protestos para que o presidente, Nicolás Maduro, revogue a eleição de 30 de julho da Assembleia Nacional Constituinte (ANC), o movimento nos supermercados foi muito acima do normal.

Além disso, havia longas filas de automóveis nos postos de gasolina.

Nos comércios da zona leste e do centro de Caracas, como Los Ruices, Santa Fé e Alta Flórida, as prateleiras destinadas a produtos como arroz, ovos, cereais, água, frango e congelados estavam totalmente vazias já na manhã de hoje.

"Estamos tentando nos preparar para estes dois dias em que estaremos isolados", disse à Agência Efe o fisioterapeuta Rolando Pinzón, de 54 anos, enquanto procurava algo para levar entre os poucos produtos ainda disponíveis em um refrigerador para carnes.

Pinzón se mostrou de acordo com a greve contra um governo que qualifica de "ditadura", cujas políticas de expropriações e controle das divisas são responsáveis pela inflação galopante e pela escassez habitual de alimentos.

Produtos como arroz e pasta de dentes estavam quatro ou cinco vezes mais caros do que o preço de alguns dias atrás.

Com a greve de quarta e quinta-feira, que conta com o apoio de mais de 350 organizações sindicais de todos os setores, a oposição espera conter todas as atividades no espaço público de todo o país e pressionar Maduro para que suspenda a eleição da ANC, que deve elaborar uma nova Constituição.

A coalizão opositora Mesa da Unidade Democrática (MUD) e muitos setores sociais da Venezuela encaram esta iniciativa como uma manobra do presidente para se perpetuar no poder e "consolidar a ditadura" do chavismo.

Os venezuelanos estão convocados para ir às urnas no próximo dia 30 de julho para escolher os mais de 500 membros da ANC que redigirão uma nova Constituição e que terão poderes para reordenar o Estado sem que ninguém possa se opor.

A MUD já isolou cidades de todo o país na última quinta-feira com uma greve geral na qual opositores do governo bloquearam várias ruas e avenidas e que, segundo os organizadores, teve uma adesão de 85%.

Cinco pessoas morreram e mais de 360 foram detidas em um dia marcado pelos enfrentamentos com a Guarda Nacional quando os agentes tentavam dispersar os manifestantes e desobstruir as ruas.

Pelo menos 100 pessoas morreram na Venezuela desde abril, quando teve início uma onda de protestos contra o governo de Nicolás Maduro.

Acompanhe tudo sobre:América LatinaGrevesNicolás MaduroOposição políticaVenezuela

Mais de Mundo

Putin sanciona lei que anula dívidas de quem assinar contrato com o Exército

Eleições no Uruguai: Mujica vira 'principal estrategista' da campanha da esquerda

Israel deixa 19 mortos em novo bombardeio no centro de Beirute

Chefe da Otan se reuniu com Donald Trump nos EUA