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Venezuelanos aguardam até nove horas para ver Chávez

A capela do presidente esteve aberta durante toda a noite para que seus partidários pudessem vê-lo pela última vez


	Venezuelanos se emocionam diante do caixão, na Academia Militar de Caracas: Chávez será enterrado na sexta-feira
 (Efraín González/AFP)

Venezuelanos se emocionam diante do caixão, na Academia Militar de Caracas: Chávez será enterrado na sexta-feira (Efraín González/AFP)

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Da Redação

Publicado em 7 de março de 2013 às 11h41.

Caracas - Milhares de venezuelanos aguardaram até nove horas, nesta quinta-feira, para poder ver, pela última vez, o rosto do presidente Hugo Chávez na capela ardente instalada na Academia Militar de Caracas, enquanto o país começava a questionar seu futuro político, diante da perspectiva de novas eleições.

A capela ardente do presidente, falecido na terça-feira, esteve aberta de forma ininterrupta durante toda a noite, para que seus partidários, provenientes principalmente dos bairros populares de Caracas e do resto do país, pudessem vê-lo.

Durante quase toda a noite, chegaram ônibus com simpatizantes de Chávez vestidos de vermelho. Os visitantes tinham que deixar na entrada seus telefones celulares e era proibido tirar fotografias.

"Seu rosto era normal, estava bem apresentado", explicou Hibo Parra, de 50 anos, que precisou esperar nove horas para ver um líder que não foi visto nos últimos meses de sua doença.

A televisão oficial mostrou imagens do caixão semidescoberto, sem divulgar diretamente na tela o rosto do presidente, falecido na terça-feira aos 58 anos por um câncer.

"Muito impressionado ao vê-lo, me vieram todas as recordações do que fizemos juntos ao longo de 14 anos graças a ele", explicou Chanel Arroyo, de 34 anos, motorista.

Os primeiros presidentes latino-americanos a chegar a Caracas - a líder argentina Cristina Kirchner, o uruguaio José Mujica e o boliviano Evo Morales - também se recolheram diante do caixão semidescoberto.


Nas próximas horas é esperada a chegada da presidente Dilma Rousseff, do líder iraniano Mahmud Ahmadinejad, do mexicano Enrique Peña Nieto, do chileno Sebastián Piñera e do herdeiro da Coroa espanhola, o príncipe Felipe de Borbón, entre outros.

Chávez será enterrado na sexta-feira. Seus seguidores exigem que repouse no Panteão Nacional, ao lado do herói da independência Simón Bolivar, mas o governo ainda não anunciou sua decisão.

A Academia Militar foi escolhida para a capela ardente porque o presidente a considerava seu segundo lar e berço de sua vocação política, que em 1992 o levou a uma fracassada intentona golpista e sete anos depois à presidência da Venezuela.

Seus restos foram levados do hospital militar, onde morreu, e foram acompanhados por uma gigantesca marcha vermelha, a última do carismático líder venezuelano, que em seus quatorze anos de poder afervorou os pobres de seu país.

Seus filhos, sua mãe e irmãos, o presidente interino, Nicolás Maduro, e o líder do Legislativo, Diosdado Cabello, também fizeram um minuto de silêncio diante do caixão, assim como o alto comando militar.

Maduro assinou na terça-feira seu primeiro decreto como presidente interino ao ordenar sete dias de luto no país petroleiro.

O governo não informou diretamente sobre o decreto.


Maduro, que ocupava o cargo de vice-presidente desde a reeleição de Chávez, em outubro, assumiu a presidência amparado no artigo 233 da Constituição venezuelana, disse nesta quarta-feira a procuradora Cilia Flores.

"No momento em que ele (Chávez) desaparece fisicamente, imediatamente e de forma automática entra em vigor o artigo 233, que estabelece que o vice-presidente seja encarregado e que em um prazo de 30 dias sejam convocadas novas eleições", disse Flores.

O chanceler Elías Jaua disse na terça-feira que Maduro "assume como presidente", seguindo o mandato de Chávez, que designou o agora ex-vice-presidente como seu herdeiro político e candidato das fileiras governistas nas eleições.

Embora o falecido presidente, reeleito pela terceira vez em outubro, não tenha podido tomar posse em 10 de janeiro, como estava previsto, o Supremo Tribunal considerou que seu governo do mandato 2007-2012 podia continuar em funções e, portanto, Maduro se manteve como vice-presidente.

Por outro lado, o governo não informou até agora quando irão ocorrer as eleições, que, segundo o mesmo artigo 233 da Constituição, estabelece que "quando ocorrer a falta absoluta do Presidente eleito ou Presidenta eleita antes de tomar posse, será realizada uma nova eleição universal, direta e secreta dentro dos trinta dias consecutivos seguintes".

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