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Venezuela sem Chávez é como Argentina sem Perón, diz Mujica

"Vamos assistir a um processo chavista sem Chávez" que vai se manter por "muito tempo", porque essa corrente "tem uma gigantesca mística", disse o presidente uruguaio

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 6 de maio de 2014 às 08h49.

Montevidéu - Após a morte do presidente Hugo Chávez, a Venezuela vai viver um processo "chavista que vai ser mantido por muito tempo", algo "parecido" ao que aconteceu na Argentina após a morte de Juan Domingo Perón (1895-1974), disse nesta segunda-feira o presidente uruguaio, José Mujica.

"Vamos assistir a um processo chavista sem Chávez" que vai se manter por "muito tempo", porque essa corrente "tem uma gigantesca mística", disse o chefe de Estado uruguaio em declarações exclusivas publicadas nesta segunda no site do jornal "La República". Será "algo semelhante ao peronismo na Argentina", comentou.

Mujica, que acaba de retornar ao Uruguai após participar do funeral de Chávez em Caracas, disse que "podem ser discutidos programas e ideias" do chavismo, "mas é muito difícil discutir a mística".

O povo venezuelano "está comprometido" em defender o "enorme progresso social", afirmou o chefe de Estado, ao ressaltar que na semana passada viu generais "chorando como crianças" e "milhares de pessoas esperando 14 horas na fila para se despedir por alguns segundos" do líder falecido.


Mujica também ressaltou a "impressionante demonstração de pertinência ao processo" que as Forças Armadas fazem, "cumprindo muitas tarefas civis".

Com relação ao Mercosul, o bloco regional integrado por Argentina, Brasil, Uruguai e Venezuela, com o Paraguai atualmente suspenso por conta da destituição do presidente Fernando Lugo, Mujica disse "que não haverá mudanças fundamentais" após a morte de Chávez.

O governante uruguaio, cujo país exerce neste semestre a presidência pró témpore do bloco regional, disse que além da Bolívia, "outros dois ou três países" pediram para entrar no Mercosul, apesar de não especificá-los.

No novo mundo de blocos "é preciso ser forte e os países mais débeis, têm que se juntar com os fortes porque não têm outro caminho", afirmou.

Mujica, de 77 anos e que no passado foi líder do movimento guerrilheiro tupamaro, manteve uma amizade de anos com Chávez e durante sua gestão, iniciada em 2010, se reuniu com o líder venezuelano em várias ocasiões, tanto em Montevidéu como na Venezuela.

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