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Venezuela se aproxima de fim da incógnita sobre seu futuro

O retorno de Chávez tem elementos anímicos no plano político local: é um estímulo psicológico para o movimento chavista

Criança vestida como o líder Hugo Chávez, de farda militar (REUTERS/Jorge Silva)

Criança vestida como o líder Hugo Chávez, de farda militar (REUTERS/Jorge Silva)

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Da Redação

Publicado em 13 de junho de 2013 às 07h48.

Caracas - O final da incerteza que há quase dois anos dominou a agenda política da Venezuela parece mais próximo agora que o presidente Hugo Chávez voltou ao país e que ganha força a possibilidade de convocação de novas eleições.

Analistas políticos consultados pela Agência Efe consideraram nesta segunda-feira que o retorno de Chávez tem conotações do ponto de vista emocional para os partidários do presidente; amplia a legitimidade do vice-presidente Nicolás Maduro à frente de um governo interino e pode ser o ponto de partida para um pleito presidencial.

A volta de Chávez na madrugada de hoje após dois meses de ausência não mudou os três cenários futuros que há muitos meses são especulados na Venezuela: o de que o presidente retorne ao poder, que volte por um curto período e assessore o vice-presidente nas novas eleições ou o de que não possa exercer novamente a presidência.

No entanto, o retorno do homem que comanda a Venezuela desde 1999, após uma operação na qual sofreu vários tipos de complicações e até o deixou sem fala temporariamente por causa de uma traqueostomia praticada após uma infecção respiratória, exige respostas a curto prazo.

Para o presidente do instituto Datanálisis, Luis Vicente León, 'a Venezuela tem um governo e ele está governando, mas esse governo tem uma fraqueza, que é o fato de seu líder máximo não estar no poder, e isso a médio e longo prazo é um problema que tem que ser resolvido'.

O retorno de Chávez 'recupera as ligações emocionais' com a população e reativa o 'apoio de Chávez a Maduro' feito no dia 8 de dezembro, antes de embarcar a Cuba para ser operado, quando designou o vice-presidente como seu sucessor político caso ficasse impossibilitado de governar.

'O mais provável é que vejamos uma eleição na Venezuela ao longo deste ano, mas não necessariamente já', disse León.

O retorno de Chávez tem elementos anímicos no plano político local: é um estímulo psicológico para o movimento chavista e recupera a iniciativa do governo na agenda local, depois de na semana passada o líder da oposição, Henrique Capriles, lançar uma série de ataques contra o Executivo por sua recente decisão de desvalorizar a moeda local.

Essa é a opinião do analista John Magdaleno, professor do Instituto de Estudos Superiores de Administração de Caracas (IESA), para quem todo esse efeito 'vai ser utilizado para mobilizar política e socialmente o chavismo na preparação de algo mais'.

'Acho que na preparação do terreno para eleição presidencial', acrescentou.

O processo de elevação de Chávez à categoria de símbolo ou ícone com a intensa campanha propagandística dos últimos meses, a legitimação de Maduro como líder do governo, estando à frente de atos oficiais há várias semanas, e o discurso de confronto por parte do movimento chavista nos últimos dias terminam de configurar esses sinais preliminares de um pleito não muito distante.

Para Magdaleno, de qualquer forma, a convocação ou não de eleições representa uma decisão ligada completamente à evolução do estado de saúde de Chávez.


Para Nícmer Evans, professor de Ciências Políticas da Universidade Central da Venezuela, a chegada de Chávez representa necessariamente uma solução próxima tanto do exercício do mandato como com da possibilidade aberta pelo próprio governante em 8 de dezembro.

'Acho que o retorno do presidente Chávez significa, entre outras coisas, o fato de que já há decisões que puderam ser tomadas com o conhecimento mais pleno de sua capacidade de recuperação e de seu estado de saúde', afirmou o analista político, acrescentando que um dos desafios do governo é anunciar essas decisões.

No entanto, Evans concorda que as opções de futuro estão diretamente ligadas à condição de saúde do presidente em 'um relativo curto prazo'. 

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