Agência de notícias
Publicado em 19 de setembro de 2025 às 10h31.
A Aviação Militar Bolivariana (AMB) — a Força Aérea da Venezuela — divulgou imagens de parte do arsenal militar empregado na operação de treinamento militar 'Caribe Soberano 200', convocada em meio às tensões exacerbadas com o governo dos Estados Unidos, que enviou nas últimas semanas uma frota naval e aviões militares para a região, sob alegação de combate aos cartéis da droga.
Várias fotos e vídeos dos exercícios militares foram divulgados pelas Forças Armadas venezuelanas nos últimos dias, revelando parte do arsenal de Caracas. Em uma das gravações, é possível ver um caça de fabricação russa Sukhoi-30, equipado com mísseis antinavio — em uma aparente mensagem a Washington, que enviou contratorpedeiros, navios de transporte e um submarino nuclear para a região.
A publicação detalha que os caças fazem parte do 13º Grupo Aéreo de Caça "Lions", armados com mísseis ar-superfície antinavio Kh-31 "Krypton", também de fabricação russa.
#EnVideo📹| Desde el Archipiélago La Orchila, el Comandante General de la Aviación Militar Bolivariana, M/G Lenín Lorenzo Ramírez, detalló la participación de su componente en la maniobra de Campaña Caribe Soberano 200, ...https://t.co/ztpn4pTaea pic.twitter.com/Mv9L6OjaTk
— Consulado de Venezuela en Canarias (@consVECanarias) September 17, 2025
Em entrevista coletiva em Caracas, na quarta-feira, o ministro da Defesa, Vladimir Padrino López, afirmou que os exercícios "Caribe Soberano 200", realizados na Ilha de La Orchila, incluem ações "de grupos de tarefas conjuntas aeroespaciais, forças especiais, de inteligência e de guerra eletrônica e terrestre".
A ilha, que abriga uma base naval venezuelana, está a cerca de 180 km da costa do país, e fica perto do local onde uma embarcação pesqueira foi interceptada por um navio americano, no sábado, um incidente duramente criticado por Caracas.
— "Temos que lembrar o que significa o Mar do Caribe para nós. Ao ameaçar a Venezuela, eles também ameaçam o Caribe e a América Latina" — afirmou Padrino.
Ainda serão testados sistemas de defesa e artilharia antiaérea, e estão previstos exercícios de infiltração aérea, marítima e terrestre, envolvendo embarcações e veículos de todos os tipos. Um vídeo divulgado pelas forças armadas mostra uma operação anfíbia, com o desembarque de tropas e blindados.
Outras gravações mostram treinamentos com paraquedistas e veículos blindados, além de atividades com disparo de artilharia antiaérea. Em 5 de setembro, Washington enviou dez caças F-35 para Porto Rico, horas depois de afirmar que dois aviões militares venezuelanos voaram perto de um navio da Marinha americana em águas internacionais.
As manobras foram anunciadas em um momento crítico das relações entre Estados Unidos e Venezuela, que pode ter impactos de segurança para toda a região.
Em agosto, o presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou o deslocamento de forças navais para o Caribe, sob pretexto de atuarem no combate a cartéis de tráfico de drogas. Imediatamente, sinais de alerta se acenderam na Venezuela, onde o presidente Nicolás Maduro é acusado de liderar o Cartel dos Sóis, associado ao comando militar local, com recompensa de US$ 50 milhões por informações que levem à sua captura — Caracas nega qualquer relação com o grupo.
Desde então, ao menos três barcos acusados de tráfico foram destruídos pelos americanos — em um dos ataques, 11 pessoas morreram, levantando questões sobre a legalidade das ações dos EUA. Até o momento, a Casa Branca nega planos de derrubar Maduro.
O governo ordenou que suas Forças Armadas fossem colocadas em estado de alerta e lançou uma campanha para que os cidadãos se juntem a milícias voluntárias, iniciativa que atraiu milhões de pessoas, segundo o Palácio de Miraflores. Nos últimos dias, também foram convocados exercícios de treinamento básico para o uso de armas de fogo e táticas de combate, realizados em mais de 300 quartéis no país.
Para o ministro do Interior, Diosdado Cabello, as movimentações americanas “não têm nada a ver com drogas”, mas sim “com uma mudança de regime”, afirmando que o país está pronto para uma "guerra prolongada".