O PIB da Venezuela caiu 1,9% em 2010 (Susana Gonzalez/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 6 de janeiro de 2011 às 16h54.
Caracas - A Venezuela registrou em 2010 uma inflação recorde na América Latina, de 27,2%, maior que a de 2009 (25,1%), segundo números divulgados nesta quinta-feira pelo Banco Central do país (BCV).
O aumento dos preços é considerado, então, superior às cifras provisórias (26,9%) comunicadas semana passada pelo BCV.
O governo prevê uma alta dos preços de 23 a 25% em 2011.
"Pudemos observar no segundo semestre do ano uma clara tendência à redução das pressões inflacionárias", diz o BCV.
Mas, para analistas, a supressão recente da taxa de câmbio preferencial do dólar para produtos básicos, equivale a uma desvalorização do bolívar, a moeda local, o que poderia elevar a inflação deste ano acima da do ano passado.
O Produto Interno Bruto (PIB) da Venezuela teve um recuo de 1,9% em 2010, em baixa pelo segundo ano consecutivo, devido a problemas econômicos estruturais.
O país, o primeiro exportador de petróleo da região, é amplamente importador de matéria-prima agrícola e sofre com o desabastecimento recorrente de alguns produtos.
Os níveis de investimento e de produtividade baixaram de maneira preocupante no país sul-americano devido à intensificação dos confiscos de terra por parte do governo e das fortes chuvas que afetaram, recentemente, 130.000 pessoas, além de deixar milhares de propriedades agrícolas inundadas, segundo os analistas.
Só em 2010, o Observatório da Propriedade Privada registrou 535 casos de expropriações por parte do Estado, principalmente no setor agropecuário.
Mas o governo afirma que a economia entrará no caminho do crescimento este ano, depois de cair 3,3% em 2009 e 1,9% em 2010. Recentemente, o ministro das Finanças, Jorge Giordani, estimou que o PIB pode crescer acima de 2% em 2011.
Concretamente, especialistas preveem que em 2011 prosseguirão as quedas do consumo (-2,8%) e do investimento (-4,8%) registradas em 2010 pelo BCV, impondo obstáculos às metas de governo.
"Sem investimento e sem consumo, de onde poderá sair o crescimento econômico?", indagou o presidente da Academia Nacional de Ciências Econômicas, Pedro Palma.
"A tarefa deste ano é lutar contra a especulação e contra a inflação, gerar crescimento econômico e condições para a produção de bens e serviços, e buscar satisfazer as necesidades do povo venezuelano", disse à AFP Manuel Barroso, presidente da CADIVI, a entidade oficial que administra a concessão de divisas no país, no qual está em vigor um severo controle cambial.