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Venezuela faz manobras de combate durante exercícios militares

"Fogo!", gritavam soldados armados no principal centro das manobras, iniciadas com uma explosão e um toque de alarme

Venezuela: as tropas foram acompanhadas por veículos blindados, aviões supersônicos e helicópteros (Andres Martinez Casares/Reuters)

Venezuela: as tropas foram acompanhadas por veículos blindados, aviões supersônicos e helicópteros (Andres Martinez Casares/Reuters)

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AFP

Publicado em 28 de agosto de 2017 às 10h24.

As Forças Armadas venezuelanas fizeram manobras de combate no encerramento dos exercícios militares ordenados pelo presidente Nicolás Maduro em resposta ao pronunciamento de seu homólogo, o americano Donald Trump, sobre uma possível ação militar no país da América Latina.

"Fogo!", gritavam soldados armados que marchavam em um vale do estado de Cojedes, principal centro das manobras, iniciadas com uma explosão e um toque de alarme.

As tropas foram acompanhadas por veículos blindados, aviões supersônicos e helicópteros, enquanto integrantes da milícia realizaram simulações de tarefas de apoio a esquadrões paraquedistas.

"Somos atacados por forças inimigas!", bradava um locutor por meio de alto-falantes.

O ato foi transmitido em tempo real pela emissora do governo, a VTV. Ao fundo, podia-se ouvir marcha marcial.

Batizadas como "Furacão Bolivariano", as manobras feitas em Cojedes ocorreram na presença do ministro de Defesa, general Vladimir Padrino López, e da cúpula militar.

O evento também contou com o reforço de explosivos e armas comprados da Rússia.

"Conseguimos ver uma sincronia perfeita entre os membros" das Forças Armadas, comemorou Padrino em discurso após o exercício.

"Os militares não podem ficar pensando que a agressão militar não vai acontecer (...). Estamos pensando na pior hipótese", disse o ministro, garantindo que as manobras continuarão no futuro para "continuar elevando a prontidão operacional" da Força Armada.

Segundo Padrino, essas ações demonstram "o caráter popular" da defesa do país.

Na sexta-feira (25), um decreto do governo Trump proibiu a negociação da dívida emitida pelo governo venezuelano e por sua petroleira estatal, a PDSVA. Maduro considerou a medida uma "brutal agressão", a qual precederia uma possível intervenção americana.

O alto escalão das Forças Armadas, para quem Maduro concedeu grande poder econômico e político, declarou lealdade incondicional ao mandatário socialista, em meio a uma forte rejeição da população.

A pressão internacional contra Maduro aumentou após a instalação da Assembleia Constituinte, convocada pelo governo e que rege o país como um suprapoder, que não é reconhecida por Washington e vários governos latino-americano.

A coalizão opositora Mesa da Unidade Democrática (MUD) expressou apoio às sanções contra o governo venezuelan.

"Sanções aos vagabundos, violadores de direitos humanos e saqueadores dos recursos públicos sempre contarão com nosso apoio", afirma um comunicado divulgado no domingo.

A MUD pediu à comunidade internacional "abster-se de efetuar operações financeiras" com a Venezuela sem a aprovação do Parlamento, que tem maioria opositora.

Mais cedo, a presidente da Assembleia Constituinte, Delcy Rodríguez, responsabilizou o presidente do Parlamento, Julio Borges, pelas sanções americanas.

"Dedicou-se a pedir a intervenção na Venezuela", denunciou, referindo-se às viagens do chefe legislativo aos Estados Unidos.

Em entrevista transmitida pela televisão neste domingo, o dirigente chavista Diosdado Cabello, membro desse órgão, advertiu que estão sendo analisadas "sanções exemplares" contra líderes da oposição que "convocaram a violência" nos protestos contra Maduro. São pelo menos 125 mortos entre abril e julho.

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