Venezuela: a proposição de antecipar as parlamentares foi feita pelo dirigente chavista Diosdado Cabello e respaldada depois pelo chefe do Estado, Nicolás Maduro (John Moore/Getty Images)
EFE
Publicado em 23 de fevereiro de 2018 às 17h43.
Última atualização em 23 de fevereiro de 2018 às 17h44.
Caracas - A presidente do Conselho Nacional Eleitoral (CNE) da Venezuela, Tibisay Lucena, descartou nesta sexta-feira realizar as eleições parlamentares junto às presidenciais já convocadas para 22 de abril, como propôs o oficialismo.
"A CNE vai avaliar para uma próxima data as eleições parlamentares, do conselho legislativo e das câmaras municipais (...) Não estamos preparados agora para fazer uma eleição conjunta", disse Lucena.
A presidente da CNE fez estas declarações em entrevista coletiva conjunta com a presidente da governista Assembleia Nacional Constituinte (ANC), Delcy Rodríguez.
"Para 22 de abril a eleição que está convocada é a eleição presidencial", ressaltou Lucena após explicar que o cronograma para estas votações "está extremamente antecipado", razão pela qual é impossível juntar esta disputa com as eleições propostas pelo oficialismo, que "são tecnicamente muito mais complexas".
Lucena reiterou que o Poder Eleitoral fará uma "avaliação técnica" da ideia de antecipar as parlamentares, feita inicialmente pelo dirigente chavista Diosdado Cabello e respaldada depois pelo chefe do Estado, Nicolás Maduro, que pediu para somar também a eleição dos órgãos legislativos dos 23 estados e dos 335 municípios do país.
A presidente do CNE informou que 15 das organizações políticas habilitadas para a eleição presidencial fizeram trâmites perante a CNE, o que representa que "estão dispostas a participar" apesar de a coalizão opositora Mesa da Unidade Democrática (MUD) ter decidido não comparecer a estas votações, que consideram um "show fraudulento".
Por sua vez, a presidente da ANC, um ente formado só por chavistas e assinalado como fraudulento, garantiu que escolherão junto a Lucena "a melhor data" para as eleitorais propostas pelo oficialismo que não puderam ser fixadas para 22 de abril.
De acordo com a Constituição, os pleitos legislativos deveriam acontecer no final de 2020, depois que em 2015 a aliança opositora ganhou por contundente maioria as cadeiras da Assembleia Nacional, um poder que foi depois declarado em desacato pelo Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) uma instituição abertamente ligada ao chavismo.