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Venezuela cede parte do controle de reservas petrolíferas

Petroleira estatal, PDVSA, vem se desintegrando e abrindo espaço para parceiros estrangeiros

PDVSA: para analistas, há uma privatização oculta em andamento (Diego Giudice/Bloomberg)

PDVSA: para analistas, há uma privatização oculta em andamento (Diego Giudice/Bloomberg)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 19 de fevereiro de 2020 às 09h44.

Última atualização em 19 de fevereiro de 2020 às 09h47.

São Paulo — Em um gesto de sobrevivência, após décadas no comando do seu setor petrolífero, o governo de Nicolás Maduro resolveu ceder o controle da sua indústria para companhias estrangeiras, para dar fôlego à economia e se manter no poder.

Trata-se de uma reviravolta na estratégia da Venezuela em relação ao domínio de suas reservas de petróleo, as maiores do mundo e a espinha dorsal da economia do país.

Sob o peso das sanções americanas e os efeitos da corrupção e má gestão, a Petroleos de Venezuela, ou PDVSA, vem se desintegrando e abrindo espaço para parceiros estrangeiros.

Na prática, companhias privadas vêm extraindo o petróleo bruto, promovendo as exportações, pagando os funcionários, comprando equipamentos e até mesmo contratando equipes de segurança para proteger suas operações no interior do país, hoje em situação de ruína, segundo consultores da área de petróleo que trabalham no país.

Para Rafael Ramírez, que dirigiu o setor no país por mais de uma década, o que ocorre é "uma privatização oculta".

Mais sanções

Diante de um quadro já acirrado, os Estados Unidos apertaram ainda mais o cerco financeiro contra a Venezuela ao inserirem ontem uma gigante petrolífera russa, que compra e revende petróleo, entre os proibidos de fazer negócios com os americanos.

A Rosneft Trading é uma subsidiária da maior companhia de petróleo da Rússia, a Rosneft, e o principal comprador e revendedor do petróleo produzido na Venezuela. Na visão do presidente Donald Trump, a Rosneft ajuda economicamente o regime chavista ao sustentar o setor venezuelano de óleo e gás.

A medida aumenta a pressão sobre a Rússia, considerada por Washington como o principal apoiador de Maduro.

O governo americano também alertou para que outras empresas parem de negociar com a Rosneft Trading nos próximos 90 dias. A ação ainda congela ativos financeiros da subsidiária russa nos EUA, assim como o da diretoria e do presidente da companhia.

O secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, discutiu o tema com o ministro de Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, em um encontro em Munique, na Alemanha.

A guerra econômica declarada de Trump ao regime chavista abriu caminho para que a Rússia dominasse o mercado venezuelano de petróleo.

Autoridades dos EUA dizem que acordos secretos entre Moscou e Caracas para produzir, transportar e vender petróleo para outros mercados se tornaram uma mina de ouro para a Rússia, que está fazendo empresas estatais ganharem cerca de US$ 120 milhões por mês.

Desde que Hugo Chávez implementou no país princípios socialistas em 1999, a Rússia se tornou seu principal fornecedor de equipamentos e consultores militares, um apoiador consistente em organismos internacionais e uma fonte essencial de empréstimos e investimentos governamentais.

Moscou está se mostrando disposta a absorver o risco de sanções dos Estados Unidos. Freta navios de terceiros, obscurecendo a origem do petróleo ao comercializá-lo em todo o mundo.

Mas também cobra bem caro a Maduro: às vezes por meio de taxas ou com fortes descontos na compra do insumo. (Com agências internacionais).

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