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Venezuela avalia como 'positivo' Lula tentar mediar crise com EUA

Em coletiva de imprensa, ministro do interior também deixou um alerta à Casa Branca, afirmando que "mexer com a Venezuela" pode se tornar "uma luta continental e mais além"

Mateus Omena
Mateus Omena

Repórter

Publicado em 27 de outubro de 2025 às 21h23.

O ministro do Interior da Venezuela, Diosdado Cabello, disse ter uma avaliação positiva nesta segunda-feira, 27, sobre a intenção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de mediar a crise entre o país sul-americano e os Estados Unidos, em um momento de grande mobilização naval americana em águas próximas ao litoral venezuelano.

Cabello afirmou que é "bom" e "lógico" que Lula "tenha preocupação", argumentando que aqueles que "pensam que um conflito com a Venezuela se limita apenas à Venezuela não estão lendo bem a história real".

"Nós somos vizinhos do Brasil, é bom que se preocupe, sim, concordo, que levante sua voz. Não que diga 'yes, sir' (sim, senhor), não, não, que levante sua voz para defender a nossa América, para defender a pátria grande, completa. É o maior país de toda a região", declarou Cabello durante coletiva de imprensa do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV), legenda do presidente venezuelano, Nicolás Maduro.

Cabello, que também é secretário-geral do partido governista, mencionou que o governo Maduro recebe "todos os dias" pedidos de "pessoas de outros lugares do mundo" que manifestam o desejo de, segundo ele, "se incorporar à defesa" da Venezuela.

O ministro também deixou um alerta a Washington, afirmando que "mexer com a Venezuela" pode se tornar "uma luta continental e mais além".

No domingo, Lula se ofereceu para atuar como interlocutor na crise entre os EUA e a Venezuela, segundo o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, após um encontro entre o presidente brasileiro e o presidente americano, Donald Trump, na Malásia.

Nesta segunda-feira, Lula reiterou sua disposição, declarando que "se os EUA precisam do apoio do Brasil para abordar o problema da Venezuela", ele está pronto para ajudar a "manter a paz" na região.

Os EUA mantêm uma intensa presença militar no mar do Caribe sob o argumento de combater o narcotráfico. Nos próximos dias, o porta-aviões USS Gerald Ford, considerado o mais moderno e crucial da frota americana, se junta à operação.

O governo venezuelano sustenta que essa movimentação militar é, na verdade, uma "ameaça" a sua soberania, com o objetivo de facilitar uma "mudança de regime".

Como foi o encontro de Lula com Trump?

O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, afirmou neste domingo, 26, que Donald Trump manifestou interesse em visitar o Brasil após reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em Kuala Lumpur, na Malásia.

Segundo o chanceler, o encontro foi “muito positivo” e pode abrir caminho para um novo acordo comercial entre os dois países nas próximas semanas. “O presidente Trump quer ir ao Brasil, e o presidente Lula também disse que irá com prazer aos Estados Unidos no futuro”, declarou Vieira.

De acordo com o ministro, Lula voltou a pedir a suspensão temporária das tarifas impostas às exportações brasileiras e a revisão das sanções aplicadas pela Lei Magnitsky durante o processo de negociação. Trump, por sua vez, teria orientado sua equipe a iniciar ainda neste domingo as conversas bilaterais, com a expectativa de concluir um entendimento “em poucas semanas”.

“Esperamos concluir uma negociação bilateral que trate de cada setor atingido pela atual tributação americana ao Brasil”, acrescentou Vieira, reforçando que o governo brasileiro pedirá a suspensão das tarifas enquanto o diálogo estiver em curso.

O encontro contou com a presença do secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio; do secretário do Tesouro, Scott Bessent; e do representante comercial norte-americano, Jamieson Greer.

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