Imagem de Chávez pintada em um muro de Caracas (Juan Barreto/AFP)
Da Redação
Publicado em 13 de junho de 2013 às 07h48.
Caracas - O governo da Venezuela atacou nesta quarta-feira os Estados Unidos e a oposição por seus comentários sobre a situação do país em função da doença do presidente do país, Hugo Chávez, mas ao mesmo tempo mantém silêncio sobre o estado de saúde do governante desde a madrugada de segunda-feira.
O Hospital Militar Dr. Carlos Arvelo de Caracas, onde está internado Chávez, apresenta a mesma aparência há dois dias: jornalistas aguardando ininterruptamente por alguma novidade e membros da Guarda de Honra e da polícia nos arredores do local.
No entanto, o governo pouco informou. O vice-presidente Nicolás Maduro participou hoje de um ato público para o lançamento da fase de testes da Televisão Digital Terrestre na Venezuela e criticou a oposição, mas não divulgou nada de novo sobre Chávez.
O governo apenas se manifestou para rejeitar 'de maneira contundente' o que considerou uma 'ingerência' dos EUA depois que o Departamento de Estado afirmou ontem que se o presidente não pode continuar à frente do governo novas eleições deveriam ser convocadas.
'A Venezuela rejeita da maneira contundente as declarações emitidas pela porta-voz do Departamento de Estado dos Estados Unidos, Victoria Nuland, que constituem uma nova e grosseira ingerência do governo de Washington nos assuntos internos da Venezuela', afirmou a chancelaria por meio de um comunicado.
Victoria Nuland disse ontem que caso Chávez ficasse 'permanentemente inabilitado para servir', segundo ela 'a Constituição venezuelana requer uma eleição para presidente'.
A chancelaria venezuelana afirmou que de acordo com a 'revolução democrática que o poder popular constrói há 14 anos, a única transição que está questão é a transição rumo ao socialismo bolivariano, sob a liderança do governo revolucionário do comandante Hugo Chávez'.
Além disso, Nuland foi acusada de estar 'em perfeita sintonia com o discurso da desestabilizadora e corrupta direita venezuelana, o que coloca em evidência, mais uma vez, a subordinação desta burguesia aos interesses imperiais'.
Já Maduro criticou a oposição pelo que considerou 'gestos desumanos' desde que o presidente retornou de Cuba, onde foi operado em 11 de dezembro pela quarta vez de um câncer.
'Nosso comandante Chávez chegou e não houve um segundo em que os dirigentes fracassados, derrotados, desta direita corrupta, não tenham declarado algumas de suas maldades e baixezas demonstrando que dentro de si o único que têm são gestos desumanos', afirmou Maduro.
Nesse sentido, acusou a direita 'corrupta e neoliberal' de não ter 'mínimos sentimentos humanos de compaixão e solidariedade, somente expressões desrespeitosas'.
Já a oposição exige desde o retorno do presidente 'transparência' do governo na divulgação de informações sobre sua saúde e o cumprimento da Constituição.
A Mesa da Unidade, coalizão dos partidos opositores, rotulou na segunda-feira de 'espetáculo' a forma como o governo administrou o retorno do presidente. A oposição pediu ainda que o governo 'se dedique a fazer seu trabalho e se atreva a dialogar com o país para enfrentar os graves problemas que afetam os venezuelanos'.
O líder opositor Henrique Capriles, que hoje criticou novamente as medidas econômicas do governo, também reivindicou após a chegada de Chávez que esse retorno traga 'sensatez' e a verdade comece a ser revelada.
'Tomara que este retorno do presidente signifique sensatez a todas estas pessoas de quem durante as últimas semanas o único que escutamos são desqualificações, insultos, palavras de ódio', disse Capriles na segunda-feira.
Enquanto isso, o presidente da Bolívia, Evo Morales, reconheceu hoje em Nova York que nem ele conseguiu ver seu colega venezuelano durante a escala que fez ontem em Caracas com esse objetivo.
'Ontem tentei visitar Chávez. Falamos com seus médicos e me disseram que está repousando e em tratamento, e também com a família, que está fortalecida', disse Morales.
O presidente, de 58 anos e desde 1999 no poder, chegou ao país após superar um longo pós-operatório no qual ocorreram complicações como uma hemorragia e uma infecção pulmonar que gerou uma insuficiência respiratória.
De acordo com a última informação, ainda da semana passada, o governante respira através de um tubo na traquéia e está recebendo 'tratamento enérgico para a doença de base, que não está isento de complicações'. EFE