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Venezuela adia eleições estaduais para 2017 e revolta oposição

Críticos dizem que as autoridades adiaram as eleições por estarem com medo de deixar os cidadãos dizerem o que pensam

Venezuela: os mandatos de quatro anos dos governadores deveriam terminar no começo de janeiro (Carlos Garcia Rawlins/Reuters/Reuters)

Venezuela: os mandatos de quatro anos dos governadores deveriam terminar no começo de janeiro (Carlos Garcia Rawlins/Reuters/Reuters)

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Reuters

Publicado em 19 de outubro de 2016 às 08h59.

Última atualização em 19 de outubro de 2016 às 09h00.

Caracas - As eleições estaduais da Venezuela irão acontecer em 2017, e não em dezembro, como esperado, informou o conselho eleitoral na terça-feira, dando mais tempo ao impopular governo socialista antes das votações.

Críticos dizem que as autoridades adiaram as eleições - e que também estão tentando desencaminhar uma ofensiva da oposição para realizar um referendo revogatório do presidente venezuelano, Nicolás Maduro - por estarem com medo de deixar os cidadãos dizerem o que pensam.

Maduro, que substituiu o popular Hugo Chávez após sua morte em 2013, viu seu índice de aprovação cair pela metade e chegar a pouco mais de 20 por cento em meio à crise econômica no país-membro da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep).

Os mandatos de quatro anos dos governadores dos 23 Estados da nação deveriam terminar no começo de janeiro, e as eleições seriam antecipadas para dezembro.

Mas a presidente do Conselho Nacional Eleitoral, Tibisay Lucena, que a oposição diz ser próxima do governo, disse que, ao invés disso, elas serão realizadas em meados de 2017.

Embora Lucena não tenha dado motivos, autoridades governamentais vêm dizendo que medidas excepcionais são justificadas por conta de uma "guerra econômica" liderada pelos Estados Unidos contra elas e da queda no preço do petróleo.

"Esta decisão do conselho eleitoral é parte de uma tendência perigosa de um regime que age claramente à margem da constituição", disse a coalizão opositora Mesa de Unidade Democrática.

Como Chávez estava sofrendo com um câncer mas havia acabado de se reeleger, os socialistas venceram eleições em 20 Estados nos últimos pleitos regionais de 2012.

Mas pesquisas de opinião mostram que atualmente eles se sairiam mal em qualquer votação, e fontes do governo já disseram estar esperando a ajuda de uma recuperação no valor do petróleo.

A oposição vem pressionando por um referendo para retirar Maduro ainda neste ano e desencadear uma nova eleição presidencial, mas mesmo que obtenha as 4 milhões de assinaturas exigidas para acionar o plebiscito em um esforço de coleta no final deste mês, tal consulta só poderia ocorrer no ano que vem.

Pelas regras constitucionais da Venezuela, isso significa que, caso Maduro perca o referendo em 2017, seu vice-presidente assumirá e não haverá uma nova eleição, o que destruiria as esperanças opositoras de pôr fim a 17 anos de socialismo.

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