Após semanas de pressão vinda de congressistas democratas e megadoadores, o presidente dos EUA, Joe Biden, anunciou neste domingo que está desistindo da campanha de reeleição à Presidência dos EUA. O anúncio ocorreu através de uma carta publicada em suas redes sociais, na qual o presidente de 81 anos disse acreditar que "seja do interesse do meu Partido (Democrata) e do país que eu me afaste e me concentre exclusivamente no cumprimento dos meus deveres como presidente", e destacou seus feitos econômicos e sociais, além do enfrentamento da Covid-19 e de uma crise econômica intensa, afirmando que ao longo dos últimos o país alcançou um "grande progresso".
Apesar de ter desistido de permanecer na disputa à Casa Branca, Biden destacou que terminará seu mandato e continuará exercendo seus deveres como presidente até sua substituição.
O octogenário inicia a carta destacando um dos pontos fortes de seu mandato e uma das principais aposta de sua então campanha à reeleição: a economia, afirmando que atualmente os EUA "têm a economia mais forte do mundo". Biden — que batizou sua política econômica de "Bidenomics", em referência ao "Reaganomics", do presidente Ronald Reagan nos anos 1980 — destacou a redução no custo de medicamentos prescritos para idosos, os investimentos trilionários feitos pelo Estado para recuperar a economia do país (o esforço mais ambicioso em décadas neste sentido), os investimentos em infraestrutura, e a expansão do atendimento de saúde acessível.
Ele também cita a legislação bipartidária de armas, aprovada em 2022 e que impôs restrições à venda de armas de fogo no país e criou regras para mantê-las distantes de pessoas consideradas perigosas. Biden também relembra a indicação de Ketanji Brown Jackson, a primeira mulher negra a ser indicada pela Suprema Corte na História do país, bem como a aprovação do pacote socioambiental, apresentado ainda nos primeiros dias de seu mandato. Uma versão reduzida do projeto — apresentado antes como "grande" e "ousado" pelo democrata — foi aprovado em 2022, após um ano de impasse. "Nunca estivemos tão bem posicionados para liderar como estamos hoje", pontuou Biden no comunicado.
O presidente também relembrou o enfrentamento da pandemia da Covid-19, "que só ocorreu uma vez no século". O país ultrapassou a marca de um milhão de mortos em julho de 2022, superando as 675 mil mortes estimadas nos EUA durante o surto de gripe espanhola de 1918-19. O presidente testou positivo para covid-19 em 2022 e, na última semana, foi diagnosticado novamente com o vírus.
Biden também destaca o enfrentamento do que descreveu como "a pior crise econômica desde a Grande Depressão". "Protegemos e preservamos nossa democracia e revitalizamos e fortalecemos nossas alianças em todo o mundo", destacou.
Biden finalizou as citações de seus feitos durante seu mandato afirmando que "foi a maior honra" de sua vida ter servido como presidente dos EUA. Ele também expressou sua "mais profunda gratidão" àqueles que trabalham em seu governo, fazendo uma menção especial à Kamala Harris, sua vice-presidente e indicada por Biden para substituí-lo.
"Caros amigos americanos,
Nos últimos três anos e meio, fizemos um grande progresso como nação.
Hoje, os Estados Unidos têm a economia mais forte do mundo. Fizemos investimentos históricos na reconstrução de nossa nação, na redução dos custos de medicamentos prescritos para idosos e na expansão do atendimento de saúde acessível a um número recorde de americanos. Fornecemos atendimento extremamente necessário a um milhão de veteranos expostos a substâncias tóxicas. Aprovamos a primeira lei de segurança de armas em 30 anos. Nomeamos a primeira mulher afro-americana para a Suprema Corte e aprovamos a legislação climática mais significativa da história do mundo. Os Estados Unidos nunca estiveram tão bem posicionados para liderar como estamos hoje.
Sei que nada disso poderia ter sido feito sem vocês, o povo americano. Juntos, superamos uma pandemia que só ocorreu uma vez no século e a pior crise econômica desde a grande depressão. Protegemos e preservamos nossa democracia e revitalizamos e fortalecemos nossas alianças em todo o mundo.
Foi a maior honra da minha vida servir como seu presidente. E, embora tenha sido minha intenção buscar a reeleição, acredito que seja do melhor interesse do meu partido e do país que eu me afaste e me concentre exclusivamente no cumprimento dos meus deveres como presidente pelo restante do meu mandato.
No final desta semana, falarei à nação com mais detalhes sobre minha decisão.
Por enquanto, gostaria de expressar minha mais profunda gratidão a todos que trabalharam arduamente para que eu fosse reeleito. Quero agradecer à vice-presidente Kamala Harris por ser uma parceira extraordinária em todo esse trabalho, e gostaria de expressar minha profunda gratidão ao povo americano pela fé e confiança que depositaram em mim.
Acredito hoje no que sempre acreditei: que não há nada que os Estados Unidos da América não possam fazer — quando fazemos isso juntos. Só precisamos nos lembrar que somos os Estados Unidos da América."