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Vazamentos em Fukushima contaminam oceano e preocupam autoridades

Grande concentração de iodo radioativo agrava o risco de contaminação alimentar dos frutos do mar, tão apreciados pelos japoneses

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 26 de março de 2011 às 15h33.

Japão - O Japão anunciou neste sábado ter detectado no mar, perto da avariada central nuclear de Fukushima, níveis de iodo radioativo 1.250 vezes acima do permitido, aumentando o temor de que a blindagem de um dos reatores tenha sofrido uma fissura.

Esta grande concentração de iodo radioativo agrava o risco de contaminação alimentar dos frutos do mar, tão apreciados pelos japoneses..

Horas, antes, o primeiro-ministro japonês, Naoto Kan, admitiu que a situação segue "imprevisível" em Fukushima.

A Agência de Segurança Nuclear japonesa anunciou neste sábado um índice de iodo radioativo 131 1.250 vezes superior ao padrão, após uma série de testes realizados na água do mar pela companhia Tokyo Electric Power (Tepco), operadora da central.

"Se alguém bebe 50 centilitros de água com esta concentração de iodo atingirá de uma só vez o limite anual que pode absorver. É um nível relativamente elevado", explicou um porta-voz da agência.

O mesmo funcionário destacou que a radioatividade registrada na costa "se diluirá com a maré, impedindo que uma concentração muito alta seja absorvida por algas e animais marinhos".

"A concentração de iodo cai à metade a cada oito dias e quando a população efetivamente tiver acesso a estes produtos do mar, seu volume estará reduzido de maneira significativa", explicou.

A Tepco também registrou uma concentração 80 vezes superior ao limite legal de césio 137, substância radioativa que só se reduz à metade cada 30 anos.

O índice de iodo 131 já estava 126 vezes acima do padrão na terça-feira passada no litoral do Pacífico próximo à central de Fukushima Daiichi.

O governo japonês decretou então um reforço no controle sobre peixes e mariscos procedentes da costa atingida.

Um nível elevado de radioatividade foi detectado em uma alface vermelha, mais recente verdura incluída na lista negra dos consumidores, embora o nível aferido não represente riscos à saúde, indicou o governo neste sábado.


Especialistas da organização ambientalista Greenpeace começaram neste sábado a medir os níveis de radioatividade fora da zona de exclusão de 20 quilômetros em torno da central.

O Greenpeace acredita que "as autoridades têm sistematicamente minimizado os riscos e o alcance da contaminação radioativa", declarou em um comunicado Jan van de Putte, porta-voz do grupo.

A contaminação levou o governo japonês a proibir a distribuição de leite e de alguns vegetais produzidos nas regiões mais próximas à usina de Fukushima.

Fukushima Daiichi, situada 250 km a nordeste de Tóquio, foi varrida por um tsunami de 14 metros que interrompeu o fornecimento de energia e provocou o colapso na refrigeração dos reatores, após a paralisação das bombas d'água, iniciando uma crise nuclear.

Até o momento, o governo contabiliza 10.151 mortos e 17.053 desaparecidos no último balanço da catástrofe.

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