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Vaticano se prepara para a escolha do novo Papa com instalação da chaminé na Capela Sistina

Conclave começa na próxima semana com 133 cardeais reunidos

Bombeiros instalam a chaminé no telhado da Capela Sistina (AFP)

Bombeiros instalam a chaminé no telhado da Capela Sistina (AFP)

Agência o Globo
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Agência de notícias

Publicado em 2 de maio de 2025 às 08h46.

O Vaticano instalou nesta sexta-feira, 2, a chaminé que anunciará que os cardeais, trancados a partir da próxima semana na Capela Sistina, escolheram o sucessor de Francisco à frente da Igreja Católica.

Cerca de quatro ou cinco bombeiros da Santa Sé subiram ao frontão do telhado do majestoso edifício para colocar o cano de fumaça: um cilindro marrom estreito, por onde sairá a fumaça.

Os trabalhos passaram despercebidos pelos muitos turistas presentes na Praça de São Pedro. Mas a partir da próxima quarta-feira, quando começa o conclave, milhões de pessoas em Roma e no mundo voltarão seus olhos para essa chaminé.

Quatro votações

Um total de 133 cardeais ficarão reclusos a partir de quarta-feira sob os afrescos de Michelangelo na Capela Sistina para votar no novo líder espiritual de 1,4 bilhão de católicos.

Os chamados "príncipes da Igreja" realizarão quatro votações diárias: duas pela manhã e duas à tarde, exceto no primeiro dia.

Eles queimarão em um fogão as cédulas de votação para anunciar ao mundo o resultado. Também serão queimadas as anotações e o escrutínio.

Se um Papa for eleito, a fumaça será branca e dará lugar ao tão esperado anúncio: "Habemus Papam".

Minutos depois, o novo Pontífice aparecerá vestido de branco na varanda da Basílica de São Pedro para dar sua bênção "urbi et orbi" (à cidade e ao mundo).

Se os cardeais não alcançarem a maioria necessária de dois terços, as cédulas serão queimadas com uma substância especial que faz sair fumaça preta pela chaminé.

"Decantando" papáveis

A instalação da chaminé coincidiu com a retomada das reuniões entre cardeais que antecedem o conclave, nas quais são debatidas as prioridades para o futuro desta instituição de 2.000 anos.

Cerca de 80% dos cardeais que participarão da eleição do próximo papa foram nomeados por Francisco. Muitos vêm das chamadas periferias do mundo, regiões que durante anos foram marginalizadas pela Igreja Católica.

A maioria não se conhece, e essas congregações servem para ouvir ideias e trocar pontos de vista.

"Tenho pensado muito, refletido, conversado com alguns cardeais e tenho sido um grande ouvinte nas congregações gerais", disse à AFP o cardeal uruguaio Daniel Sturla, que vota pela primeira vez neste conclave.

O Vaticano informou que a pauta desses encontros abrange temas que vão desde os abusos sexuais de menores na Igreja até as finanças da Santa Sé: todos grandes desafios enfrentados por Francisco, que agora serão herdados pelo novo papa.

"Nesses dias vamos decantando alguns nomes possíveis", acrescentou o purpurado uruguaio.

"Não haverá um Francisco II"

O conclave é uma reunião que remonta à Idade Média, quando a ideia de eleger um soberano era revolucionária.

As deliberações são mantidas sob estrito segredo, sob pena de excomunhão imediata.

Celulares e qualquer acesso à internet estão proibidos. Os cardeais não podem ler jornais, ouvir rádio nem assistir televisão. Qualquer contato com o mundo exterior é proibido.

Muitos cardeais acreditam que a eleição será rápida.

Mas isso "é uma paradoxa", avaliou o vaticanista Marco Politi. "Expressa o desejo de não mostrar divisões."

"É o primeiro conclave em 50 anos em que há uma forte sensação de fratura dentro da Igreja", explicou o especialista. "Esse é o principal desafio."

Politi indicou que a escolha será "entre um papa que desacelere e um que avance lentamente".

"Não haverá um Francisco II", afirmou. "Francisco foi muito impulsivo e mudou as coisas com gestos e palavras repentinas, embora pensadas. Agora, justamente por existir esse desejo de reunir todos novamente, é necessária uma gestão mais cuidadosa, mais colegiada", concluiu.

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