Mundo

Vaticano: saiba como funciona o sistema tributário do menor país do mundo

Apesar da isenção fiscal interna, o Vaticano tem promovido ajustes recentes

Não há cobrança de Imposto de Renda, IPTU ou qualquer outro tributo sobre quem reside ou atua dentro do território (Grzegorz Galazka/Getty Images)

Não há cobrança de Imposto de Renda, IPTU ou qualquer outro tributo sobre quem reside ou atua dentro do território (Grzegorz Galazka/Getty Images)

Luiz Anversa
Luiz Anversa

Repórter

Publicado em 25 de abril de 2025 às 06h00.

Com a recente comoção mundial em torno da morte do Papa Francisco, as atenções se voltam novamente ao Vaticano, o menor país do mundo e um dos mais complexos quando falamos em termos jurídicos e fiscais.

Para começar, pela regra estabelecida desde o Tratado de Latrão, assinado em 1929 no governo de Benito Mussolini, não há cobrança de impostos no Vaticano.

Segundo Carlos Crosara, mestre e doutorando em Direito Tributário pela USP, o Vaticano não arrecada impostos como conhecemos em outros países. "A renda vem principalmente do patrimônio imobiliário e de doações", explica o advogado.

Não há cobrança de Imposto de Renda, IPTU ou qualquer outro tributo sobre quem resida, ou atue, dentro do território. Isso inclui os cardeais que irão participar do conclave para escolher o sucessor de Francisco e o próprio Papa.

A isenção, no entanto, não é absoluta. “Existem situações, como propriedades fora do território e atividades comerciais, que podem ser tributadas, especialmente após decisões da Corte Europeia”, diz Crosara.

E como o Vaticano se sustenta?

O menor país do mundo tem alternativas para se sustentar financeiramente sem precisar necessariamente de impostos.

Marcelo Censoni Filho, especialista em Direito Tributário, explica que doação dos fiéis, investimentos e imóveis administrados pelo Banco do Vaticano (com mais de 5 bilhões de euros sob sua gestão) ajudam nessa tarefa.

O turismo religioso também tem um peso importante. Os museus do Vaticano arrecadam 130 milhões de euros por ano.

Ajustes de Francisco

Apesar da isenção fiscal interna, o Vaticano tem promovido ajustes recentes. Em 2025, o Papa Francisco determinou o fim de benefícios como aluguéis gratuitos a cardeais, exigindo o pagamento de valores de mercado. Também houve cortes salariais no clero numa tentativa de equilibrar as contas.

Censoni ilustra como esse quadro pode ser comparado com o Brasil: “Enquanto o Vaticano arrecada cerca de 300 milhões de euros por ano sem tributar diretamente sua população — de aproximadamente 800 pessoas —, o Brasil atingiu em 2024 a marca de R$ 2,7 trilhões em arrecadação tributária federal. São modelos opostos.”

Acompanhe tudo sobre:VaticanoPapa FranciscoPapasImpostos

Mais de Mundo

Trump diz que Rússia está disposta a não tomar todo o território ucraniano

Juíza bloqueia parte de reforma eleitoral proposta por Trump nos EUA

Trump quer usar viagem a Roma para falar com outros líderes sobre tarifas

Milei enaltece Papa Francisco: 'Foi o argentino mais importante da história'