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Vaticano defende aproximação criticada com a China

A Santa Sé relançou há três anos intermináveis negociações que havia iniciado com Pequim nos anos 1980

Vaticano: o Vaticano e a China não têm relações diplomáticas desde 1951 (Reprodução/Wikimedia Commons)

Vaticano: o Vaticano e a China não têm relações diplomáticas desde 1951 (Reprodução/Wikimedia Commons)

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AFP

Publicado em 1 de fevereiro de 2018 às 15h36.

O braço direito do papa Francisco saiu em defesa do complexo processo diplomático de aproximação com a China, país de regime comunista, respondendo às críticas de um cardeal de Hong Kong.

A Santa Sé relançou há três anos intermináveis negociações que havia iniciado com Pequim nos anos 1980. Ainda não se vislumbra nenhum acordo concreto.

Neste contexto, dois bispos chineses reconhecidos pelo papa tiveram, a pedido da Santa Sé, que ceder seu cargo a prelados escolhidos diretamente por Pequim - um deles havia sido excomungado pelo Vaticano em 2011.

A informação foi revelada em janeiro pelo AsiaNews, publicação do Pontifício Instituto para as Missões Estrangeiras. Na segunda-feira foi confirmada pelo cardeal chinês Joseph Zen, bispo emérito de Hong Kong e importante adversário à aproximação entre o Vaticano e Pequim.

O cardeal Pietro Parolin, secretário de Estado do Vaticano, não desmentiu na quarta-feira a informação em uma entrevista ao site "Vatican Insider", mas colocou em seu lugar o "rebelde" de Hong Kong por seu "ponto de vista pessoal".

O cardeal Zen havia considerado na segunda-feira em sua conta no Facebook que o Vaticano "está vendendo a Igreja Católica na China" e destacando que "o governo comunista está instaurando novas regras mais estritas para limitar a liberdade religiosa".

Para Pietro Parolin "não existem duas Igrejas na China, mas duas comunidades de fiéis que devem avançar progressivamente no caminho da reconciliação até a unidade".

Esta busca pela unidade, no centro da diplomacia do Vaticano, passa obrigatoriamente por uma solução ao "crucial" e delicado tema da nomeação dos bispos.

Os milhões de católicos chineses estão divididos entre uma "Associação Patriótica" cujo clero é eleito diretamente pelo Partido Comunista, sem que se respeite a regra de obediência ao papa, e uma Igreja oficial cujos bispos nomeados por Roma são tolerados, mas não reconhecidos por Pequim.

O Vaticano e a China não têm relações diplomáticas desde 1951.

Duas Igrejas

O acordo de negociação ultrassecreto é, sobretudo, a respeito do reconhecimento pelo Vaticano dos bispos da Associação Patriótica, em troca de uma atitude mais indulgente do governo comunista.

A última palavra sobre a nomeação dos futuros bispos pode ser do papa, após a sugestão da Conferência Episcopal chinesa, disse um cardeal há um ano.

Segundo Parolin, o objetivo é abolir a distinção entre bispos "clandestinos" e "oficiais", pedindo, às vezes, "sacrifícios" a alguns.

"A Igreja não esquecerá jamais os sofrimentos do passado e presente dos católicos chineses", insistiu, pedindo a "construção de um futuro mais sereno".

O AsiaNews publicou há uma semana uma série de reações de fiéis e religiosos da Igreja clandestina, divididos entre tristeza e ira. "Me resta agora me tornar agricultor", comentou um padre.

Em meio à polêmica está o bispo chinês Peter Zhuang Jianjian, de 88 anos, ordenado pelo Vaticano e a quem foi pedido em duas ocasiões que deixasse seu cargo no sudeste da China para o bispo Joseph Huang Bingzhang, nomeado por Pequim e que foi excomungado em 2011 pelo Vaticano.

Outro prelado chinês, de 70 anos, preso por uma semana em 2017 segundo o AsiaNews, retrocederia a número dois em sua diocese, deixando o cargo para outro bispo do regime chinês.

Nesse contexto, em 3 de janeiro, o bispo Peter Shao Zhumin, retido sem motivo pelas autoridades chinesas, foi libertado após sete meses de uma detenção pela qual a Santa Sé estava "gravemente preocupada".

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