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Vaticano anuncia prisão por posse de documentos secretos

Segundo o jornal Il Foglio, os documentos internos foram vazados pelo "mordomo" do Papa, embora a publicação não descarte que se trate apenas de um "bode expiatório"

Federico Lombardi explicou que a pessoa detida se encontra à disposição da magistratura vaticana
 (Tiziana Fabi/AFP)

Federico Lombardi explicou que a pessoa detida se encontra à disposição da magistratura vaticana (Tiziana Fabi/AFP)

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Da Redação

Publicado em 25 de maio de 2012 às 10h20.

Cidade do Vaticano - Uma pessoa foi detida no Vaticano por posse de documentos secretos na investigação que a polícia vaticana realiza pelo vazamento de notícias reservadas, anunciou nesta sexta-feira o porta-voz da Santa Sé.

"A pessoa foi detida com documentos confidenciais", indicou o padre Federico Lombardi, ao se referir à investigação aberta pelas autoridades internas vaticanas devido ao vazamento de centenas de cartas e documentos reservados ao papa Bento XVI sobre temas polêmicos internos.

A investigação da polícia foi autorizada por uma comissão de cardeais e está a cargo do chamado "procurador" de justiça do Vaticano.

"A pessoa detida se encontra à disposição da magistratura vaticana", explicou Lombardi em declarações à imprensa, embora não tenha informado o nome ou o cargo que ocupa.

Segundo o jornal italiano Il Foglio, os documentos internos foram vazados pelo "mordomo" do Papa, embora a publicação não descarte que se trate apenas de um "bode expiatório" para apresentar rapidamente um culpado.

O anúncio da prisão, algo inédito no Vaticano, ocorre um dia após a destituição do presidente do Banco do Vaticano, o Instituto para as Obras Religiosas (IOR), Ettore Gotti Tedeschi, exonerado por "não ter cumprido com seu dever".

A demissão de Gotti Tedeschi foi decidida ao término de uma guerra interna pela aplicação das normas internacionais para a transparência e contra a lavagem de dinheiro sujo.

Em janeiro, documentos confidenciais divulgados pela imprensa italiana, - o escândalo batizado como 'Vatileaks' - confirmaram as lutas internas para o cumprimento das normas sobre a transparência.

Há um mês, Bento XVI criou uma comissão formada por três cardeais - Julián Herranz, Josef Tomko e Salvatore De Giorgi - para investigar o vazamento reiterada de documentos internos.

A publicação nesta semana de uma série de cartas confidenciais dirigidas ao papa Bento XVI sobre temas delicados, como as intrigas do Vaticano ou os escândalos sexuais do padre mexicano Marcial Macial, em um livro gerou desconcerto e incômodo na Santa Sé.

Para o autor do livro, com o título "Sua santidade, as cartas secretas de Bento XVI", escrito por Gianluigi Nuzzi, autor do bem-sucedido "Vaticano SA" (Vaticano sociedade anônima"), sobre as finanças da Santa Sé, "emergem os confrontos secretos e as armadilhas em todos os níveis" que se espalham nos palácios apostólicos.

Este é mais comprometedor vazamento de documentos na história recente do Vaticano, que, por isso, anunciou ações legais contra o que classificou de "crime".

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