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Vale do Silício se une contra Trump

Os titãs da alta tecnologia estão inundando de dólares a campanha da democrata Hillary Clinton, e muitos não hesitam em participar diretamente

EUA: entre os mais ferrenhos opositores de Trump está o cofundador do LinkedIn, Reid Hoffman (Mike Blake/Reuters)

EUA: entre os mais ferrenhos opositores de Trump está o cofundador do LinkedIn, Reid Hoffman (Mike Blake/Reuters)

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AFP

Publicado em 4 de novembro de 2016 às 10h00.

O Vale do Silício, epicentro da indústria tecnológica nos Estados Unidos, escolheu abertamente seu candidato nas eleições presidenciais, ao não esconder sua aversão ao candidato republicano, Donald Trump.

Os titãs da alta tecnologia estão inundando de dólares a campanha da democrata Hillary Clinton, e muitos não hesitam em participar diretamente.

Steve Wozniak, Ev Williams, Jimmy Wales e Pierre Omidyar, cofundadores de Apple, Twitter, Wikipedia e eBay, respectivamente, estão entre o signatários de uma carta aberta que adverte que a chegada de Trump ao poder "será um desastre para a inovação".

O magnata republicano sugeriu fechar uma parte da internet por razões de segurança, e criticou a Apple por fabricar seus produtos no exterior e a Amazon por evasão fiscal.

"Trump representa o oposto de tudo que eles (em Silicon Valley) propõem: receber imigrantes, uma ordem mundial cosmopolita", enfatiza Geoffrey Skelley, do Center for Politics da Universidade de Virginia.

Para Melinda Jackson, professora de ciências políticas na Universidade de San José, Trump "dá a impressão de olhar para trás, quando em Silicon Valley tudo gira em torno da inovação".

Enquanto o Google afirma que sua missão consiste em fazer com que toda informação esteja livre e disponível e o Facebook diz que quer conectar todo o planeta, Trump promete construir um muro na fronteira com o México.

Mark Zuckerberg, CEO e cofundador do Facebook, pediu em abril aos criadores de aplicativos que "elejam a esperança e não o medo" e ajudem a construir pontes, e não muros.

Outro fundador do Facebook, Dustin Moskovitz, e sua esposa anunciaram que doarão 20 milhões de dólares à campanha de Hillary e ao Partido Democrata, alegando que uma vitória de Trump é um retrocesso para o país.

A Apple desistiu este ano de financiar e dar suporte logístico à convenção republicana, evocando as declarações de Trump sobre imigrantes, minorias e mulheres.

Seu diretor, Tim Cook, que figurou na lista de candidatos à vice-presidência na chapa democrata, e a viúva de seu carismático antecessor, Steve Jobs, organizaram uma campanha de coleta de fundos para os democratas.

"As raízes dos Clinton, em particular de Hillary, são profundas em Silicon Valley", enfatizou Melinda Jackson.

Mandando Trump para o espaço

Entre os mais ferrenhos opositores de Trump está o cofundador do LinkedIn, Reid Hoffman, que prometeu 5 milhões de dólares a associações de ajuda a veteranos de guerra se o magnata republicano aceitar revelar suas declarações de imposto de renda.

Trump também está no meio de uma violenta disputa com o presidente da Amazon, Jeff Bezos.

Bezos utiliza o Washington Post, que adquiriu há três anos, "como uma ferramenta de poder político contra mim e para que os políticos de Washington não tributem a Amazon como deveriam", denunciou o magnata.

Em sua resposta, Jeff Bezos disse a Trump que tinha um lugar para ele em um foguete da Blue Origin, outra de suas empresas, para mandar o republicano ao espaço.

Um dos raros apoios que o republicano tem no vale californiano é o cofundador do PayPal, Peter Thiel, que doou 1,25 milhão de dólares para a campanha do republicano.

Em resposta, Ellen Pao, ex-presidente da Reddit, cortou qualquer vínculo entre seu projeto de promoção de diversidade "Include" e a incubadora de startups Y Combinator, que tem entre seus sócios Peter Thiel.

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