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Vale a pena viajar à Argentina agora? Cotação do peso desaba com surpresa em eleições

País vizinho atrai muitos brasileiros que querem fazer compras no exterior, mesmo com a constante oscilação do câmbio

Argentina: moeda do país tem se desvalorizado diante de incessantes crises na economia (Grafissimo/Getty Images)

Argentina: moeda do país tem se desvalorizado diante de incessantes crises na economia (Grafissimo/Getty Images)

Mateus Omena
Mateus Omena

Repórter da Home

Publicado em 14 de agosto de 2023 às 14h59.

Última atualização em 14 de agosto de 2023 às 15h01.

A Argentina se tornou uma das principais opções para os brasileiros que planejam realizar uma viagem internacional nas férias. No entanto, a situação econômica do país pode impactar aqueles que pretendem tirar esse plano do papel.

Recentemente o banco central argentino decidiu desvalorizar o peso em 22% e elevar a taxa básica de juros (Leliq), em 21 pontos-base, para 118% ao ano até a eleição geral, que acontece em outubro.

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A situação é um efeito das eleições primárias, que teve um candidato libertário como mais votado, deixando muitos investidores receosos.

Por causa disso, um dólar passa a valer 350 pesos na Argentina na cotação oficial, que já enfrenta uma forte crise e apresenta várias cotações de dólar. No mercado paralelo, o mais conhecido é o chamado dólar blue, que está cotado acima de 600 pesos.

Amada pelos brasileiros

Os turistas brasileiros foram 22% do total de 2,5 milhões de viajantes recebidos pela Argentina no primeiro semestre de 2022. Esse cenário foi facilitado pela inflação elevada e a desvalorização da moeda do país, que tem beneficiado o poder de compra dos visitantes que usam o real.

No entanto, a oscilação do câmbio pode confundir os turistas na hora de trocar dinheiro. A Argentina é o único país do mundo que tem pelo mais de 10 tipos de conversão da moeda, dependendo do setor. As restrições e tributos criaram cotações para diferentes segmentos da economia. O país possui dólar comercial, paralelo e de turismo, alem dos câmbios para "vinho", "trigo" e "Bolsa", por exemplo.

Mesmo que o real tenha ganhado valor em relação ao peso argentino, os brasileiros que planejam visitar o país devem ficar atentos para conseguir  uma cotação mais vantajosa.

No momento, o câmbio oficial não se mostra uma boa opção em comparação com o que é obtido na rua. Para driblar essa situação, muitos turistas recorrem ao mercado paralelo, para ter acesso ao chamado dólar blue, que vale praticamente o dobro do dólar oficial, cotado acima de 600 pesos.

Na Argentina, também há o dolár MEP, usado pelo mercado financeiro (cartões de crédito, débito e internacionais) e normalmente com valor inferior ao blue.

Cuidado com o cartão de crédito

Diante da forte instabilidade, o uso do cartão de crédito pode ser bastante arriscado para quem quer economizar na viagem. Por ser um meio oficial, o câmbio é feito pelo dólar oficial, representando prejuízo de pelo menos 50% em relação ao paralelo. Assim, qualquer compra no cartão também está sujeita à cobrança de Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) de 6 38%.

Os turistas também podem enfrentar dificuldades na hora da compras, pois muitos estabelecimentos comerciais não aceitam cartão de crédito, preferindo pagamentos em dinheiro vivo. Por isso, muitos estrangeiros têm andados pelas ruas do país com bolo de notas. Por exemplo, quem troca R$ 1 pode usar até 120 notas de mil pesos no país.

Contudo, para atrair mais dólares para o turismo, o governo argentino permitiu que a Mastercard e Visa ofereçam aos viajantes uma taxa de câmbio que quase dobra seu poder de compra.

As autoridades monetarias também autorizaram os administradoras a userem taxas de câmbio semelhantes às oferecidas no mercado paralelo, atualmente cerca do dobro da taxa oficial, para compras feitas com cartões de crédito e débito emitidos no exterior. Com essa iniciativa, lançada em novembro de 2022, as transações da Mastercard na Argentina aumentaram 25% no início daquele mês, informou o Banco Central.

Desde o início do ano, os titulares de cartões emitidos no exterior também puderar obter 325 pesos por dólar, em comparação com a taxa oficial do país de 173 pesos, apesar de que cada administradora de cartões faça a cobrança de uma comissão inferior a 4%.

Como trocar dinheiro na Argentina

Uma das maneiras mais seguras de sacar dinheiro é por companhias como a Western Union, com transações legalizadas. É possível efetuar transferências de reais pelo app ou site da companhia (por Pix, por exemplo) e sacar em pesos em uma loja na Argentina. Apesar das taxas, a cotação costuma ser melhor do que em casas de câmbio paralelas. Também existem outras alternativas, como Wise e Remessa Online, com diferentes taxas.

Os turistas podem recorrer às agências do Banco de la Nación Argentina e trocar dólares por pesos em espécie pela cotação MEP, contanto que o cliente comprove que é turista estrangeiro.

De qualquer modo, levar real pode ser vantajoso para os brasileiros, pois realizar muitas conversões pode significar a perda de altas quantias em dinheiro. Em cidades bastante procuradas pelo estrangeiros, como Buenos Aires e Bariloche, a troca de moeda pode ser feita facilmente em qualquer casa de câmbio. Mas, em cidades menores e menos movimentadas, o dólar é a melhor opção.

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