Mundo

Vacinas e clima dominam reunião do G7, 1º encontro presencial na pandemia

Este é o primeiro encontro de cúpula do presidente americano Joe Biden, que aposta com força no multilateralismo após o mandato isolacionista de Donald Trump

O presidente americano Joe Biden (E) e o primeiro-ministro britânico Boris Johnson (D), durante encontro em Carbis Bay em 10 de junho de 2021 (AFP/AFP)

O presidente americano Joe Biden (E) e o primeiro-ministro britânico Boris Johnson (D), durante encontro em Carbis Bay em 10 de junho de 2021 (AFP/AFP)

A

AFP

Publicado em 11 de junho de 2021 às 07h01.

Última atualização em 11 de junho de 2021 às 07h03.

Do clima à pandemia, os líderes do G7 buscarão respostas comuns para as crises mundiais em sua primeira reunião de cúpula em quase dois anos nesta sexta-feira (11), começando pela distribuição de um bilhão de doses de vacinas contra a covid-19.

Como a política internacional impacta os investimentos? Aprenda a investir com a EXAME Academy

Após meses de videoconferências, os encontros presenciais retornam, com direito a várias reuniões bilaterais até domingo, uma recepção com a rainha Elizabeth II e um churrasco na praia.

A reunião de cúpula inclui os chefes de Estado e de Governo da Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido na cidade de Carbis Bay, sudoeste da Inglaterra.

Este é o primeiro encontro de cúpula do presidente americano Joe Biden, que aposta com força no multilateralismo após o mandato isolacionista de Donald Trump. Também é a primeira reunião do tipo para o italiano Mario Draghi e o japonês Yoshihide Suga.

Mas a última para Angela Merkel, que deixará nos próximos meses o posto de chefe de Governo da Alemanha, que ocupa há 16 anos.

Apesar do evento presencial, o primeiro-ministro britânico Boris Johnson, cujo país exerce a presidência do G7, não apertará as mãos dos demais líderes: para evitar os contágios a reunião obedece restrições, que incluem testes diários de covid-19.

As medidas são necessárias no momento em que o Reino Unido, com quase 128.000 mortes provocadas pelo coronavírus, enfrenta um aumento de casos da variante Delta, o que ameaça atrasar a última fase da flexibilização das restrições.

Um bilhão de vacinas

No centro das conversas estarão a recuperação de uma economia mundial paralisada pela pandemia e uma distribuição mais equitativa das vacinas contra a covid-19 por parte dos países ricos.

Diante dos crescentes apelos por solidariedade, os líderes devem anunciar a distribuição "pelo menos um bilhão de doses", compartilhadas ou financiadas, e aumentar a capacidade de produção, com o objetivo de "acabar com a pandemia em 2022", segundo Downing Street.

"Chegou o momento para que as democracias mais importantes e as mais avançadas tecnologicamente assumam suas responsabilidades e vacinem o mundo. Porque ninguém está protegido enquanto o mundo inteiro não estiver protegido", disse Boris Johnson.

O governo dos Estados Unidos já se comprometeu a doar 500 milhões de doses da vacina da Pfizer/BioNTech a 92 países. O Reino Unido distribuirá 100 milhões de doses de excedente, principalmente por meio do programa Covax.

Mas para as ONGs isto é insuficiente e o G7 deveria aprovar a suspensão das patentes para permitir a produção em larga escala. Uma proposta apoiada por França e Estados Unidos, mas que tem a oposição da Alemanha.

"Com o atual ritmo de vacinação, os países de baixa renda demoraria 57 anos para alcançar o mesmo nível de proteção que o países do G7. Isto é moralmente inaceitável, mas também contraproducente", destacou a Oxfam.

O presidente francês, Emmanuel Macron, pediu aos laboratórios farmacêuticos a doação de 10% das doses vendidas e acredita que a reunião de cúpula vai apoiar o objetivo de ter 60% dos africanos vacinados até o fim do primeiro trimestre de 2022.

De acordo com a agência Bloomberg, o G7 também solicitará uma nova investigação da Organização Mundial da Saúde (OMS) sobre a origem do coronavírus.

"Plano Marshall" climático

A luta contra a mudança climática será outra prioridade da reunião, que promete ser neutra em carbono, antes da grande conferência da ONU sobre o clima, a COP26, prevista para novembro na Escócia.

Johnson aspira um "Plano Marshall" para ajudar os países em desenvolvimento, segundo o jornal The Times, similar ao grande financiamento americano para a reconstrução da Europa depois da Segunda Guerra Mundial.

Em maio, os ministros do Meio Ambiente do G7 se comprometeram a acabar com os subsídios públicos às centrais de energia elétrica que utilizam carvão este ano, com a promessa de "esforços ambiciosos e acelerados" para reduzir as emissões de CO2.

Mas os ecologistas, que pretendem organizar protestos nos arredores da reunião, lamentam as promessas imprecisas.

Na quinta-feira, Johnson e Biden demonstraram unidade a respeito da emergência climática e aprovaram uma nova "Carta do Atlântico" que também ressalta a necessidade de enfrentar os ciberataques.

Mas se os dois grandes aliados estão em sintonia sobre grandes temas internacionais como os desafios representados por China ou Rússia, as tensões persistem sobre a Irlanda do Norte, que está no centro de uma disputa pós-Brexit entre Londres e a União Europeia.

Biden, de ascendência irlandesa, reiterou o apoio aos compromissos comerciais assumidos entre as partes, que considera uma garantia de paz na província britânica. De acordo com a polícia local, 3.000 pessoas protestaram na quinta-feira à noite em Belfast contra as novas decisões pós-Brexit.

  • Quer saber tudo sobre a política internacional? Assine a EXAME e fique por dentro.
Acompanhe tudo sobre:Estados Unidos (EUA)EuropaExame HojeG7 – Grupo dos Sete

Mais de Mundo

Maduro pede que aliados que não aceitem eletrônicos de presente após explosão de pagers no Líbano

Número de mortos em ataque de Israel ao Líbano sobe para 31

Em meio à tensão no Oriente Médio, Irã revela novos mísseis e drones em desfile militar

Brasileiros crescem na política dos EUA e alcançam cargos como prefeito e deputado