Vacinação em San Diego, nos EUA. (Ariana Drehsler/The New York Times)
Estadão Conteúdo
Publicado em 4 de julho de 2021 às 10h15.
No primeiro pronunciamento à nação que fez como presidente dos Estados Unidos, em março, Joe Biden prometeu que o feriado de 4 de julho seria o marco da volta do país à normalidade graças à vacinação contra covid-19. O dia chegou sem que a Casa Branca alcançasse a meta de vacinação de 70% dos adultos. Mas a média semanal de mortes diárias caiu 93,6% desde a posse - de 3.366, elas passaram a apenas 214.
Com cerca de 50% da população totalmente imunizada, Biden comemora hoje o recuo da pandemia com celebrações em todo o país. As autoridades de saúde mantêm mensagens de alerta e apelos para que os americanos se vacinem.
No ano passado, os desfiles do Dia da Independência foram cancelados para evitar aglomerações. Agora, eventos ao redor do país com participação de Biden e da primeira-dama, Jill, e da vice-presidente Kamala Harris, passam a mensagem ao mundo de que os EUA estão prontos para um verão sem restrições. Americanos já circulam sem máscaras, viajam e frequentam grandes festivais de música e arenas esportivas lotadas.
“As mortes diminuíram em mais de 90% desde 20 de janeiro”, comemorou nesta semana o coordenador do combate à pandemia da Casa Branca, Jeff Zients. “Neste fim de semana, milhões de americanos poderão celebrar juntos, não só com famílias e amigos próximos em pequenos churrascos no quintal, mas com sua comunidade para grandes festivais, desfiles e fogos de artifício comemorando o Dia da Independência de nosso país e o progresso que fizemos juntos contra o vírus”, afirmou Zients.
Os EUA chegam a este feriado com 181,6 milhões de pessoas vacinadas, o equivalente a dois a cada três adultos. Na comparação global, o país está entre os poucos que vacinaram mais da metade dos residentes. Mas os números frustram autoridades do governo americano, que possui doses o suficiente para vacinar três vezes a população total e esperava estar mais perto de um patamar seguro de imunização coletiva a esta altura.
Ainda que bem distante do dos piores momentos da pandemia, os EUA assistem ao aumento no contágio, associado à maior circulação da variante Delta e à estagnação nos números de vacinados.
Biden estabeleceu a meta de vacinar pelo menos 70% dos adultos com ao menos uma dose até hoje, mas chegou a 66,8% dos maiores de 18 anos. Considerando a população total, os EUA têm 54,7% de vacinados com ao menos uma dose e 47,1% com a imunização completa.
No início de abril, quando doses ficaram disponíveis para vacinar praticamente todo americano que desejasse, o país viveu dias com mais de 3 milhões de novos vacinados. Mas a demanda começou a cair, mesmo com as facilidades para a imunização. Cerca de mil condados americanos têm cobertura vacinal abaixo de 30%, a maioria deles no Meio-Oeste e no Sudeste do país.
A resistência entre eleitores republicanos - especialmente de áreas rurais - tem sido um desafio para o sucesso da campanha de vacinação. Conforme o Estadão publicou, com base em relatos colhidos em um comício do ex-presidente Donald Trump, vacinar-se é motivo de vergonha entre eleitores do republicano.
Um levantamento feito por pesquisadores de Harvard nos distritos eleitorais mostra que 38 dos 39 distritos com mais de 60% da população vacinada elegeram democratas para o Congresso. Os distritos republicanos representam 29 dos 30 distritos que têm cerca de 30% vacinados.
O número de mortes e internações caiu consistentemente, mas a média semanal de casos de covid cresceu 9,1% na última semana, para 12,6 mil novas infecções diagnosticadas por dia. Em janeiro o país registrava 252 mil novos casos por dia. A esmagadora maioria das mortes nos últimos seis meses (99,5%) é de não vacinados.