Aedes aegypti: a eventual produção e comercialização de uma vacina para a zika demoraria vários meses, na realidade anos a mais (Luis Robayo/AFP)
Da Redação
Publicado em 12 de fevereiro de 2016 às 14h59.
Genebra - A Organização Mundial da Saúde (OMS) considerou nesta sexta-feira que nenhuma das diversas vacinas criadas contra o zika estará pronta para testes clínicos em ampla escala antes de 18 meses, o que afasta a possibilidade de contar com uma vacina a curto prazo.
A eventual produção e comercialização de uma vacina demoraria vários meses, na realidade anos a mais.
A diretora adjunta da organização, Marie-Paule Kieny, disse que apesar das várias pesquisas feitas nesta área, "restam pelo menos 18 meses para que os testes possam ser realizados".
Se mostraram aptas para trabalhar no desenvolvimento de vacinas contra a doença 15 empresas, das quais considera-se que duas - dos Estados Unidos e Índia- estejam as mais avançadas.
O zika circula atualmente em grande parte de países da América Latina e do Caribe, e apesar de causar sintomas leves entre a maior parte de infectados, o grande temor é sua provável relação com os casos de microcefalia e a síndrome de Guillain-Barré.
"Este vínculo com o zika é mais provável, mas necessitamos de algumas semanas a mais de estudos", comentou Kieny em entrevista coletiva .
Kieny precisou que no caso da microcefalia, esta confirmação ou descarte será possível conforme as grávidas que foram infectadas pelo vírus deem à luz a seus bebês e fique comprovado que estes têm ou não essa condição.
No caso positivo, o bebê nasce com uma cabeça pequena ou que deixa de crescer após seu nascimento.
No Brasil, foi reportado no ano passado um forte e repentino aumento de recém-nascidos com microcefalia, ao mesmo tempo que também ocorreu uma propagação incomum do zika.
A OMS disse que os exames de ultrassom nos primeiros meses da gravidez não podem prever a microcefalia com grande confiança, salvo em casos extremos.
Por outro lado, a doutora Kieny revelou que também que estão sendo feitos estudos sobre potenciais remédios e outros tratamentos que possam prevenir a infecção em grupos vulneráveis, especialmente em mulheres grávidas, como ocorre com a malária.
"Isto parece por enquanto uma opção mais viável e rápida que uma cura", precisou.
A especialista indicou que o zika deve ser tratado "muito rapidamente porque o ponto crítico do vírus nas pessoas infectadas é muito curto, de modo que é preciso identificar em breve o doente para intervir".
Essa é a razão pela qual a OMS favorece um eventual tratamento profilático, sempre e quando for provado que é seguro para as gestantes.
Por outro lado, o responsável na OMS garantiu que "em questão de semanas" poderão estar disponíveis testes de diagnóstico do zika, doença transmitida pelo mesmo mosquito que transmite o dengue e o chicungunha.
"Para a validação do primeiro teste estamos falando de semanas e não de anos", precisou, após comentar que há dez companhias de biotecnologia que podem fornecer teste sanguíneos e dez laboratórios adicionais que se encontram em distintas fases de desenvolvimento de outros testes.
Em uma informação divulgada separadamente, a OMS recomendou às mulheres grávidas que "adiem" seus planos de viagem a qualquer zona onde o vírus do zika esteja circulando.
No entanto, a entidade enfatizou que, de maneira geral e fora do caso das grávidas, "não recomenda nenhuma restrição de viagem ou comércio" em relação com esta doença.