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Mujica vai mediar negociação entre governo colombiano e Farc

Presidente uruguaio se reunirá com as partes na semana que vem em Cuba, onde há mais de um ano vêm sendo realizadas conversações para pôr fim ao confronto


	Membro das Farc: negociações buscam pôr fim ao confronto de quase meio século na Colômbia, que já deixou mais de 200.000 mortos
 (Luis Robayo/AFP)

Membro das Farc: negociações buscam pôr fim ao confronto de quase meio século na Colômbia, que já deixou mais de 200.000 mortos (Luis Robayo/AFP)

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Da Redação

Publicado em 6 de maio de 2014 às 08h37.

Montevidéu/Havana - O presidente do Uruguai, José Mujica, mediará as negociações de paz entre o governo colombiano e os rebeldes das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), segundo declarações que ele deu a um órgão local de imprensa nesta quinta-feira.

O ex-líder guerrilheiro de 78 anos se reunirá com as partes na semana que vem em Cuba, onde há mais de um ano vêm sendo realizadas conversações para pôr fim ao confronto de quase meio século na Colômbia, que já deixou mais de 200.000 mortos.

"Vou ficar uns dias depois da cúpula (da Celac). E vou falar com o presidente (colombiano) Juan Manuel Santos e com as Farc", disse Mujica ao semanário uruguaio Búsqueda.

Mais tarde, em Havana, as Farc atacaram em comunicado o presidente Santos, que realizou nesta semana uma visita à Espanha.

Ambas as partes encerraram nesta quinta-feira um novo ciclo de conversações e se propuseram a retomar o diálogo na capital cubana em 3 de fevereiro, segundo informações.

Santos, que vai disputar a reeleição, espera "chegar a acordos o mais rápido possível sem pôr em risco a segurança dos colombianos", disse ele na Espanha.

"As recentes declarações de Juan Manuel Santos na Europa parecem mais um delírio cheio de jactâncias desnecessárias do que a expressão de uma política coerente que proporcione garantias para adiantar o processo de paz", disse Iván Márquez, chefe da equipe negociadora da guerrilha, lendo um comunicado.

A delegação do governo colombiano, encabeçada pelo ex-vice-presidente Humberto de la Calle, não fez declarações. Nenhum dos lados divulgou desta vez o tradicional "comunicado conjunto", que endossam previamente.

Em uma proposta levada à mesa de negociações, as Farc pediram nesta quinta-feira que se reconheçam e estimulem os usos ilícitos do cultivo da coca, maconha e papoula com controle do Estado, e também defenderam a desmilitarização das zonas agrícolas no âmbito da discussão do tema do narcotráfico.


"Muito Positivo"

O possível encontro de Mujica com Santos, e em separado com a guerrilha esquerdista, poderia ocorrer durante a realização em Havana da cúpula anual da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) nos dias 28 e 29 de janeiro, à qual comparecerão vários presidentes e outros representantes de 33 países da região.

"Quero continuar ajudando novamente e de modo concreto para que se acelere o processo de negociação e sintam o alento moral de que a causa em que estão envolvidos merece sem dúvida alguma todo o respaldo", afirmou Mujica.

O presidente uruguaio admitiu em agosto que havia se reunido com alguns delegados da guerrilha colombiana em Havana, durante uma visita a Cuba.

Na semana passada as Farc puseram um ponto final a um cessar-fogo unilateral.

O guerrilheiro Andrés París, membro da equipe negociadora das Farc, disse que um possível encontro com Mujica em Havana seria "muito positivo".

"Acho interessante a motivação do presidente Mujica de participar no esforço de distintos países da América Latina que já vêm acompanhando como fiadores e facilitadores do processo de paz colombiano", disse París à Reuters.

Mujica, que esteve preso durante 14 anos antes e durante a última ditadura militar uruguaia por ser considerado uma "ameaça subversiva", reiterou em diversas ocasiões sua intenção de se aproximar de ambas as partes e ofereceu a capital uruguaia, Montevidéu, como sede alternativa de negociação.

No ano passado, o governo de Santos e as Farc chegaram a acordos parciais para que agricultores pobres tenham acesso à terra e sobre as garantias para a participação do grupo insurgente na política.

Atualmente, as partes discutem o tema do narcotráfico, o terceiro de uma agenda de cinco pontos para pôr fim ao violento confronto armado de mais de 50 anos na nação sul-americana.

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