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Uruguai aprova medidas para evitar homicídios em hospitais

'O pacote inclui a convocação de um especialista da Organização Mundial da Saúde (OMS) para nos ajudar a revisar e assessorar melhor esse tema', disse o ministro da Saúde

O presidente José Mujica foi informado 'permanentemente e em detalhe' (Luis Acosta/AFP)

O presidente José Mujica foi informado 'permanentemente e em detalhe' (Luis Acosta/AFP)

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Da Redação

Publicado em 19 de março de 2012 às 19h31.

Montevidéu - Após os dois enfermeiros terem assumido a responsabilidade pela morte de 16 pacientes, as autoridades uruguaias aprovaram nesta segunda-feira uma série de medidas preventivas, que incluem inspeções em todas as unidades hospitalares de terapia intensiva.

'O pacote de medidas inclui a convocação de um especialista da Organização Mundial da Saúde (OMS) para nos ajudar a revisar e assessorar melhor esse tema', disse o ministro da Saúde, Jorge Venegas, em entrevista coletiva.

O vice-ministro dessa pasta, Leonel Briozzo, que acompanhou Venegas na conferência, afirmou que o país vive 'uma situação dramática, dolorosa e repugnante'.

Dois enfermeiros, identificados por fontes policiais como J.A.A, de 46 anos, e M.P.G, de 39 anos, estão presos desde o último domingo sob a acusação de 'homicídio especialmente agravado'.

Os dois trabalhavam na Associação Espanhola Primeira de Socorros Mútuos, uma das empresas privadas de serviços de saúde mais prestigiadas do país, sendo que um deles também era funcionário do Hospital Maciel.

Um dos enfermeiros citados confessou ter matado cinco pacientes, enquanto o outro confessou os 11 restantes. Um aplicava morfina nas vítimas, e o outro injetava ar nas veias, o que 'ocasionava a morte do enfermo em poucos minutos', disse no último domingo o juiz Rolando Vomero.

O magistrado, por sua vez, disse que 'não há conexão' entre os casos e acrescentou que se trata de 'situações independentes'.


Nesta segunda-feira, o vice-ministro da Saúde qualificou os enfermeiros como 'criminosos' e destacou que em todos os casos 'não houve erros de assistência médica, mas vontade de matar'.

Entre as seis medidas aprovadas pelas autoridades de saúde nesta segunda-feira, destaca-se a investigação administrativa que será realizada em ambos os hospitais para definir os possíveis erros judiciais, responsabilidades ou omissões nos controles e na inspeção de todas as unidades de terapia intensiva do país.

Reforçar a unidade de informação e apoio à população, para dar possíveis explicações às famílias das vítimas, e a criação de um plano de prevenção com apoio do departamento de saúde mental para os funcionários da saúde, especialmente aos que trabalham em unidades de terapia intensiva, são outros dos comprometimentos das autoridades.

Além das medidas anunciadas, as autoridades também se comprometeram em criar uma linha telefônica confidencial para receber denúncias de possíveis mortes duvidosas nos centros de saúde, especialmente de parte de funcionários dos mesmos hospitais.


Diante das inúmeras questões da imprensa sobre as supostas falhas na vigilância interna dos hospitais, Briozzo esclareceu que os atuais controles sanitários 'não estão desenhados para detectar pessoas que tenham vontade de matar e, por isso, precisam ser mudados'.

O ministro comparou o fato ocorrido com uma 'catástrofe' e disse que todos os funcionários da área da saúde deverão 'trabalhar muito para recuperar a imagem e a credibilidade' do sistema de saúde uruguaio, 'que foi afetado sem a menor sombra de dúvida'.

'O sistema de saúde uruguaio conta com mais de 80 mil trabalhadores e estes são casos isolados e sem precedentes na história do país', esclareceu Briozzo.

O ministro da Saúde, Jorge Venegas, detalhou que o presidente José Mujica foi informado 'permanentemente e em detalhe' do ocorrido e que também ofereceu 'todo o respaldo e apoio' para contornar a situação diante de opositores, que chegaram a reivindicar sua renúncia.

Os advogados de defesa dos enfermeiros alegaram que seus clientes atuaram 'por piedade' e para 'evitar a dor de seus pacientes', mas, por outro lado, o juiz Vomero fez questão de indicar que nem todas as vítimas 'eram pacientes terminais'.

Além dos dois enfermeiros, uma enfermeira que trabalhava no mesmo centro médico também foi processada e presa por sua 'cumplicidade em um delito de homicídio'. 

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