Protestos: Desde que começaram as manifestações, estudantes foram atacados pelas forças de choque ligadas ao governo (Oswaldo Rivas/Reuters)
EFE
Publicado em 11 de maio de 2018 às 22h30.
Manágua.- Pelo menos 21 estudantes universitários foram intoxicados nesta sexta-feira na Nicarágua enquanto participavam de protestos contra o governo de Daniel Ortega, sem registro de vítimas fatais até agora, em meio a uma crise que já deixou 50 mortos em 24 dias.
Estudantes da Universidade Politécnica da Nicarágua (Upoli) e da Universidade Nacional Agrária (UNA) ingeriram substâncias venenosas aplicadas em bananas e água, que lhes foram doados junto com outros alimentos, segundo denunciaram os alunos.
A ação foi condenada pelas autoridades da UNA, a única entre as universidades estatais que até agora expressou um apoio aberto aos estudantes.
"As autoridades da UNA repudiam firme e categoricamente o fato de que pessoas de identidade desconhecida tenham entregado alimentos e bebidas que, pelos seus efeitos, indicam que continham algum tipo de substância tóxica, pondo em perigo a saúde dos estudantes que protestavam pacificamente nos arredores da universidade na manhã de hoje", declarou a UNA em comunicado.
Segundo os denunciantes, 18 estudantes sofreram envenenamento por comer bananas na UNA e outros três por beber água na Upoli.
As vítimas, que foram transferidas a um hospital de Manágua, sofreram afetações em diferentes níveis e, embora alguns permaneçam em observação, suas vidas aparentemente estão fora de perigo, segundo a UNA, cuja diretoria recomendou aos alunos não consumir alimentos nem bebidas de fontes desconhecidas.
"Neste momento é crime ser estudante", comentou um porta-voz do Movimento Estudantil 19 de Abril, ao referir-se ao ataque dos desconhecidos.
Desde que começaram as manifestações, no último dia 17 de abril, os estudantes foram atacados pelas forças de choque ligadas ao governo da Nicarágua, conhecidas como "turbas", sob a direção da Juventude Sandinista e com o apoio da Polícia Nacional, o que é qualificado por organizações de direitos humanos como atos repressivos.
Os universitários reivindicaram de forma reiterada ao governo a cessação dos ataques.
Hoje se completam 24 dias de crise na Nicarágua, como resultado de grandes e contínuas manifestações a favor e contra Ortega, que se iniciaram com a rejeição a reformas na seguridade social e continuaram após sua revogação, devido às mortes por causa da repressão.
Um diálogo entre o governo e o setor privado, com a Conferência Episcopal (CEN) como mediadora, é visto como a solução para a crise, mas não tem data de início. EFE