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Unidades têxteis reabrem 8 dias após tragédia em Bangladesh

Os prédios estavam fechados após o desabamento de um edifício que abrigava confecções


	Pessoas acompanham funeral de trabalhadores mortos em desabamento de edifício em Daca, em 1 de maio de 2013: o desabamento deixou pelo menos 427 pessoas mortas
 (Munir Uz Zaman/AFP)

Pessoas acompanham funeral de trabalhadores mortos em desabamento de edifício em Daca, em 1 de maio de 2013: o desabamento deixou pelo menos 427 pessoas mortas (Munir Uz Zaman/AFP)

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Da Redação

Publicado em 2 de maio de 2013 às 12h30.

Dacca - A indústria têxtil de Bangladesh retomou suas atividades nesta quinta-feira depois de ficar fechada durante oito dias após o desabamento de um edifício que abrigava ateliês de confecção, com um balanço de ao menos 429 mortos, o pior acidente industrial na história deste país do sul da Ásia.

Milhares de trabalhadores retomaram o trabalho nas zonas industriais situadas ao redor da capital, onde são fabricadas a cada dia com uma cadência ininterrupta roupas destinadas a serem comercializadas sob as etiquetas de marcas ocidentais como Walmart ou H&M.

"Todas as fábricas reabriram hoje e os funcionários retornaram ao trabalho", declarou à AFP Shahidullah Azim, vice-presidente da Associação Nacional de Fabricantes e Exportadores de Confecção. "Não foram registradas manifestações ou incidentes de violência", disse.

O Rana Plaza, um edifício de oito andares onde funcionavam cinco ateliês de confecção, desabou no dia 24 de abril em Savar, na periferia de Daca. Os funcionários constataram na véspera do acidente a presença de fissuras na construção, em vão.

Os funcionários do setor têxtil, que recebem em sua maioria apenas 40 dólares por mês, pararam de trabalhar após o drama que, mais uma vez, lançou luz sobre a dura realidade dos "ateliês da miséria" e sobre a ausência de condições de segurança. Em novembro, um incêndio em uma fábrica deixou 111 mortos.

Desde o desabamento do edifício, no dia 24 de abril, vários centros de produção foram vandalizados em sinal de raiva e o desfile de 1º de maio na quarta-feira para o dia do trabalhador foi seguido por dezenas de milhares de trabalhadores em Daca.

A polícia confirmou que não foi registrado até o momento nenhum incidente de violência.


"Até agora a situação está tranquila", declarou à AFP Shymal Mukherjee, vice-chefe da polícia do distrito de Daca.

A primeira-ministra, Sheikh Hasina, convocou na terça-feira os funcionários a retomarem seu trabalho e criticou os ataques contra vários ateliês.

Três milhões de empregados trabalham em 4.500 fábricas da indústria têxtil de Bangladesh, pilar da economia do país. O fechamento provocou uma perda estimada em 25 milhões de dólares, segundo Azim.

Bangladesh é o segundo exportador de têxteis do mundo, atrás da China. Esta indústria representa 80% de suas exportações e mais de 40% da mão de obra industrial.

As autoridades anunciaram nesta quinta-feira que suspenderam de suas funções o prefeito de Savar por ter autorizado a construção do Rana Plaza e por não terem decidido pelo fechamento dos ateliês de confecção quando foram encontradas fissuras.

O prefeito, Mohamad Rafayet Ullah, é até agora o funcionário de mais alto escalão a ser punido por este acidente.

O secretário do governo local, Abu Alam Shahid Khan, indicou à AFP que seria iniciada uma ação legal contra o prefeito da cidade, onde funcionam dezenas de centros de produção têxtil.

Especialistas que inspecionaram o local indicaram que os construtores utilizaram materiais de má qualidade para construir o Rana Plaza e que o edifício foi construído em um pântano, violando a legislação em vigor.

O governo também suspendeu dois engenheiros que autorizaram que os ateliês funcionassem no dia do incidente. São acusados por homicídio culposo, assim como o proprietário do edifício e quatro responsáveis pelos ateliês.

Segundo um porta-voz do exército, Mahmud, o balanço nesta quinta-feira era de 429 mortos. O porta-voz acrescentou que 2.437 pessoas foram resgatadas.

Mas o balanço pode ser superior a 500 mortos, já que as autoridades anunciaram na quarta-feira que 140 pessoas continuam desaparecidas.

*Matéria atualizada às 12h30

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