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Unicef propõe focar atenção nos mais vulneráveis e desatendidos

Os documentos apresentados evidenciam a urgência de aumentar a quantidade e a eficácia da ajuda ao desenvolvimento nos próximos cinco anos

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 6 de setembro de 2010 às 23h32.

Nova York - As Metas de Desenvolvimento do Milênio (MDMs) podem ser alcançadas até 2015 caso a ajuda ao desenvolvimento se concentre com mais eficácia nos povoados mais vulneráveis e necessitados, segundo dois relatórios do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) divulgados hoje.

"Nossas conclusões questionam os enfoques tradicionais de que concentrar-se nos mais pobres e necessitados não consegue uma melhor relação entre o investimento e o resultado", afirmou em comunicado de imprensa o diretor do Unicef, Anthony Lake.

Os dois documentos apresentados hoje evidenciam a urgência de aumentar a quantidade e a eficácia da ajuda ao desenvolvimento nos próximos cinco anos, caso a comunidade internacional não queira descumprir as promessas adotadas na cúpula do Milênio de 2000.

Em suas páginas, os especialistas consultados pelo Unicef oferecem novas estratégias para abordar a crescente disparidade entre os países desenvolvidos, assim como dentro de cada país, no avanço rumo às oito Metas do Milênio.

Sua principal conclusão é que as ajudas devem se centrar com maior precisão nos povoados mais vulneráveis e desatendidos, a fim de melhorar substancialmente os resultados.

Assim, segundo o Fundo, se cada US$ 1 milhão adicional investido em serviços médicos para os menores se destinasse com precisão aos que mais necessitam, seria possível aumentar em 60% a prevenção de mortes de menores de cinco anos.

Além disso, os relatórios alertam sobre uma crescente disparidade, inclusive, dentro dos países mais pobres onde se conseguiram resultados notáveis na luta contra a pobreza.

Após examinar as estatísticas de 26 países onde a mortalidade infantil se reduziu 10% ou mais desde 1990, os especialistas do Unicef avaliaram que a diferença entre os mais pobres e os mais ricos aumentou, ou pelo menos se mantém como então.

"Em comparação com seus companheiros mais ricos, os filhos das famílias mais pobres nos países em desenvolvimento correm o dobro de risco de morrer antes do quinto aniversário", destaca um dos relatórios.

Além disso, crianças de famílias mais pobres têm o dobro ou mais de chances de pesar ou medir menos do adequado para a idade.

Por isso, seus autores insistem na necessidade de concentrar a ajuda nesses segmentos demográficos específicos, para evitar atrasos do cumprimento das MDMs.

Para Lake, uma estratégia de desenvolvimento baseada na distribuição equitativa dos recursos entre os mais necessitados "é uma vitória no terreno moral e também no terreno prático".

Por isso, ele defendeu o aumento da atenção prestada aos segmentos de população mais atrasados, apesar da crença generalizada de que isso atrasa a consecução final dos objetivos gerais.

O Unicef recomenda ações como a renovação e a modernização das maternidades que atendem gestantes com menos recursos.

Além disso, aconselha ampliar notavelmente os esforços para fazer chegar os serviços básicos às áreas mais pobres do mundo e eliminar o pagamento de cotas de acesso à educação e à saúde.

Também defende a ampliação dos programas de ajuda econômica que bancam gastos que - como o transporte - impediriam os mais pobres de ter acesso a esses serviços fundamentais.

As oito MDMs estipuladas em 2000 são: erradicar a pobreza extrema e a fome; atingir o ensino básico universal; promover a igualdade entre os sexos e a autonomia das mulheres; reduzir a mortalidade infantil; combater a aids, a malária e outras doenças; garantir a sustentabilidade ambiental, e; estabelecer uma parceria mundial para o desenvolvimento.

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