Menina sul-sudanesa segurando o irmão nos braços em acampamento: agência da ONU estima que cerca de 3,7 milhões de sul-sudaneses estão ameaçados pela insegurança alimentícia (Unicef/AFP/Arquivos)
Da Redação
Publicado em 11 de abril de 2014 às 18h44.
Cerca de 250.000 crianças podem sofrer de desnutrição severa antes do fim do ano no Sudão do Sul, devastado pela guerra, e 50.000 podem morrer, advertiu nesta sexta-feira o Fundo da ONU para a Infância (Unicef).
O conflito atual exacerbou a insegurança alimentícia que já afetava o país desde sua independência em 2011 e, se não forem tomadas medidas rapidamente, cerca de 50.000 crianças menores de 5 anos podem morrer de fome, ressaltou o Unicef em um comunicado.
A agência da ONU estima que cerca de 3,7 milhões de sul-sudaneses, dos quais 740.000 crianças, estão ameaçados pela insegurança alimentícia. "Mas o pior ainda está por vir", explicou o representante do Unicef no Sudão do Sul, Jonathan Veitch. "Se o conflito prosseguir e os agricultores não conseguirem plantar, a desnutrição entre as crianças atingirá uma escala sem precedentes".
Para resolver totalmente as dificuldades alimentícias do país, o Unicef estima que precise de 38 milhões de dólares, mas arrecadou até agora 4,6 milhões.
A ONU, que teve suas reservas de alimentos no país saqueadas, já advertiu que os combates vão impedir a colheita de importantes produtos neste país, que enfrenta uma grave situação humanitária.
O conflito sul-sudanês, que deixou milhares de mortos e cerca de 900.000 deslocados, eclodiu em 15 de dezembro na capital Juba, antes de se estender para outros estados do país, como os de Alto Nilo (noroeste), Unidad (norte) e Jonglei (leste).
Atiçado por uma antiga rivalidade política, o conflito coloca em lados opostos o presidente sul-sudanês, Salva Kiir, e seu ex-vice-presidente Riek Machar, destituído em julho de 2013.