Símbolo do euro no prédio da União Europeia em Bruxelas: "obviamente queremos obter a informação em primeira mão, saber qual é a situação", disse porta-voz da UE (Jock Fistick/Bloomberg)
Da Redação
Publicado em 26 de novembro de 2013 às 10h09.
Kiev - É esperado o encontro em Bruxelas entre os líderes da União Européia e o presidente ucraniano, Viktor Ianukovich, em ocasião da cúpula de Vilnius, em 28 e 29 de novembro. Uma fonte ligada a União Européia declarou que o bloco procura entender as motivações que levaram a Ucrânia a suspender o acordo de associação e livre comércio entre as partes.
"Obviamente queremos obter a informação em primeira mão, saber qual é a situação", disse. "Conhecemos os fatos e as declarações, mas indagaremos o que significa essa suspensão do acordo, quanto durará, se é preciso mais discussões para que a Ucrânia se sinta à vontade de firmar o acordo com a União Européia", explicou. "Penso que todos queremos entender exatamente o que pensa o presidente ucraniano e como ele vê o futuro do processo", afirmou a fonte, excluindo a possibilidade de negociação trilateral com a Rússia.
"Se a Rússia quer conhecer as implicações de um acordo entre a UE e a Ucrânia estamos prontos a ter uma reunião e, informalmente, já tivemos esta troca de informações. Mas, formalmente, não penso que uma discussão com três partes envolvidas seja particularmente produtiva, é uma discussão bilateral entre a UE e a Ucrânia. Estamos muito abertos, mas não iremos sugerir à China para unir-se nas negociações comerciais entre a UE e os EUA ou a UE e o Japão", explicou a fonte, que reafirmou estar disponível a esperar o tempo de Kiev em Bruxelas. "Temos negociado por seis anos o acordo com a Ucrânia e esta semana não será o fim. Podemos firmar um pedaço de papel a qualquer momento e não só em Bruxelas".
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, referiu-se a situação como "um braço de ferro com a Europa". "A Rússia está pronta para apoiar qualquer decisão de Kiev, dado que é uma escolha soberana da Ucrânia", declarou o porta-voz Dmitri Peskov. Manifestações Centenas de manifestantes protestam em frente à sede do governo ucraniano pedindo a demissão do premier Mikola Azarov, que anunciou a suspensão do acordo de associação e livre comércio entre a Ucrânia e a União Européia.
Os manifestantes agitam a bandeira do principal partido de oposição, assim como da Ucrânia e da União Européia. Alguns militantes do partido do ex-premier Lulia Timoshenko seguram banners com o slogan "Não a ocupação, sim a integração", referindo-se ao processo de integração européia da Ucrânia, que no momento preferiu reforçar suas relações com a Rússia. Outra centena de manifestantes pró UE encontra-se na praça Maidan e na praça Europa.
Os líderes da oposição na Ucrânia e da manifestação pró União Européia em Kiev afirmam que uma van branca, que estava parada na praça Europa, estava sendo utilizada pelo governo para interceptação telefônica. Um parlamentar da oposição, Viaceslav Kirilenko, sustenta as acusações. O serviço secreto ucraniano (SBU) admitiu que o veículo estava a serviço deles. Uma investigação foi aberta para averiguar o caso. A União Européia já declarou que o governo ucraniano deve imediatamente colocar um fim no uso da força contra os manifestantes. Caso contrário, "haverá graves consequencias por parte da UE", afirma nota conjunta de dois eurodeputados. O presidente da comissão exterior Elmar Brok e o relator Jacek Saryusz-Wolski, apóiam os manifestantes contra a decisão do governo de "privar os cidadãos de um futuro europeu" e reafirmaram que as portas da União Européia "estão abertas para o povo ucraniano".