Mundo

União Europeia avalia novas formas para transportar grãos da Ucrânia

O secretário-geral da ONU, António Guterres, já havia feito um apelo para que os russos retomem a iniciativa de grãos

A proibição está programada para expirar em meados de setembro (Yoruk Isik/Reuters)

A proibição está programada para expirar em meados de setembro (Yoruk Isik/Reuters)

Estadão Conteúdo
Estadão Conteúdo

Agência de notícias

Publicado em 25 de julho de 2023 às 11h54.

Os ministros da Agricultura da União Europeia (UE) se reuniram nesta terça-feira, 25, para discutir novas formas de transportar os grãos da Ucrânia, após a Rússia deixar o acordo de exportação do Mar Negro.

Simultaneamente, países que fazem fronteira com a Ucrânia tentam proteger os preços para seus agricultores. Na segunda-feira, 24, o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, já havia feito um apelo para que os russos retomem a iniciativa de grãos, em prol da alimentação dos mais vulneráveis.

Os ministros da UE se reuniram em Bruxelas pela primeira vez desde que a Rússia cancelou na semana passada o acordo que permitia o fluxo de grãos da Ucrânia para países da África, Oriente Médio e partes da Ásia, onde a fome é uma ameaça crescente e os preços dos alimentos estão altos.

Retirada da Rússia nas rotas

A retirada russa deixa as rotas fluviais, rodoviárias e ferroviárias pela Europa como os únicos caminhos para a Ucrânia transportar produtos como trigo, cevada, milho e óleo vegetal. No entanto, ataques recentes estão levantando questões sobre uma rota crucial através do rio Danúbio, que transporta milhões de toneladas de alimentos ucranianos para os portos romenos do Mar Negro.

O uso dessas rotas alternativas vem prejudicando os agricultores de países vizinhos da Ucrânia, considerando que o excesso de grãos ucranianos pressiona os preços dos produtos. O ajuste também não é ideal para a Ucrânia, cujos produtores enfrentam custos de transporte mais altos e menor capacidade.

O ministro da Agricultura da Polônia, Robert Telus, defende que seu país, junto com Eslováquia, Hungria, Romênia e Bulgária, possa estender proibição às importações de grãos ucranianos, mas que ainda permitiria que alimentos passassem de seus países para o mundo.

A proibição está programada para expirar em meados de setembro. A porta-voz da Comissão Europeia, Miriam Garcia Ferrer disse que o bloco está "trabalhando muito intensamente com os cinco Estados-Membros envolvidos".

Em Moscou, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse que cabe aos países bálticos decidir sobre o assunto. "É um direito soberano desses Estados, e quase não há nada para avaliarmos aqui", disse ele. "Mas é muito importante para nós que vários canais de distribuição não sejam usados pelo regime de Kiev para fins militares e para realizar ataques terroristas em nosso território. Vamos continuar a combater isso."

Em Roma, o diretor-geral da ONU lamentou que já existam efeitos negativos nos preços globais do trigo e do milho, e pediu que a Rússia retome a iniciativa. Os preços do trigo subiram mais de 14% desde o dia 17, quando a Rússia se retirou do acordo de grãos, enquanto os preços do milho avançaram mais de 10% no período.

"De minha parte, continuo empenhado em facilitar o acesso desimpedido aos mercados globais de produtos alimentícios e fertilizantes da Ucrânia e da Federação Russa e em oferecer a segurança alimentar a cada pessoa", disse Guterres em discurso na Cúpula dos Sistemas Alimentares, em Roma. "Peço à Rússia que volte a implementar a iniciativa do Mar Negro, de acordo com a minha última proposta", acrescentou, convocando a comunidade internacional a permanecer unida para encontrar soluções para o problema.

Acompanhe tudo sobre:União EuropeiaGrãosUcrâniaRússiaTransportes

Mais de Mundo

Mais de 60 são presos após confronto entre torcedores de Israel e manifestantes na Holanda

Milei tira monopólio em aeroportos e alerta Aerolíneas: “ou privatiza ou fecha”

Sinos da Notre Dame tocam pela primeira vez desde o incêndio de 2019

França busca aliados europeus para ativar veto ao acordo UE-Mercosul