Alianças de casamento: segundo a Unicef, o casamento precoce nega o direito de uma menina ter sua infância, além de interromper sua educação (Jeff Belmonte/WIkimedia Commons/Wikimedia Commons)
Da Redação
Publicado em 9 de outubro de 2012 às 13h32.
Genebra - Uma em cada três jovens com idades entre 20 e 24 anos foi obrigada a se casar antes dos 15, denunciou nesta terça-feira a Unicef, que lança um alerta sobre este fenômeno que, apesar de decrescente, continua sendo registrado no mundo todo.
Na próxima quinta-feira, data do primeiro Dia Mundial das Meninas, a Unicef e o resto das agências das Nações Unidas vão evidenciar o problema do casamento infantil, que representa uma clara violação dos direitos fundamentais, especialmente para as meninas.
Segundo da Unicef, cerca de 23 milhões de meninas com idades entre 20 e 24 anos foram obrigadas a se casar antes de completar os 15 anos. Em nível global, 400 milhões de mulheres de 20 a 49 anos, 41% da população mundial nessa faixa etária, foram obrigadas a se casarem antes dos 18 anos.
A maior incidência desta pratica ocorre no sul da Ásia (46%), seguida da África Subsaariana (37%), da América Latina e do Caribe (29%), do Sudeste Asiático (18%), do Oriente Médio e Norte da África (17%) e da União Europeia e Comunidade dos Estados Independentes (11%).
Segundo a Unicef, o casamento precoce nega o direito de uma menina ter sua infância, além de interromper sua educação, limitar suas oportunidades e aumentar o risco de ser submetida a algum tipo de violência e abuso. Apesar disso, nem todos os países proíbem os casamentos antes dos 18 anos. Até o momento, dos 193 países que conformam a ONU, somente 113 estipulam essa proibição.
Diante deste contexto, uma dezena de comitês e relatores especiais da ONU distribuiu hoje um comunicado no qual afirmam que casar uma menina precocemente é o mesmo que transformá-la em escrava de seu marido.
'As meninas se transformam em escravas pelo resto de sua vida, seja doméstica ou sexual, além de perderem seus direitos à saúde, à educação, à não discriminação e à liberdade física e psicológica', aponta o comunicado.
'Como em todas as formas de escravidão, os casamentos forçados deveriam ser penalizados como um crime. E não podem ser justificados com argumentos tradicionais, religiosos, culturais e econômicos', completa a nota.
Além da violação de direitos, as meninas que engravidam com uma idade muito adiantada são expostas a enormes riscos de mortalidade materna e graves lesões físicas e psicológicas.
Neste caso, os analistas lembraram que a cada ano cerca de 10 milhões de meninas são obrigadas a se casar antes dos 18 anos e, nos piores casos, chegam a ter apenas 8 anos, idade três ou quatro vezes menor que a de seus maridos.