IMIGRANTES BUSCAM COMIDA NO MARROCOS: um terço de todos os alimentos produzidos anualmente vai para o lixo / REUTERS/Fabian Bimmer
Da Redação
Publicado em 30 de agosto de 2018 às 06h26.
Última atualização em 30 de agosto de 2018 às 07h52.
Começa nesta quinta-feira em Copenhague, na Dinamarca, o World Food Summit, fórum internacional que se propõe a criar soluções em escala para os vários problemas que circundam os sistemas de produção e consumo de alimentos no mundo. Da urgência da fome que hoje ainda assola quase 1 bilhão de pessoas, passando pelas doenças causadas por alimentos contaminados até o desperdício de comida, as discussões se iniciaram em 2016, por iniciativa do próprio governo da Dinamarca.
Com a duração de dois dias e a participação de dezenas de especialistas, empresários, gestores públicos e ativistas da causa alimentar, a terceira edição do encontro vai girar em torno de três temáticas: o tipo informação sobre os alimentos disponível aos consumidores, e como isso pode impulsionar escolhas mais saudáveis; o nível de segurança dos alimentos, diante de 420.000 mortes anuais em decorrência de comida contaminada; e o desperdício, que joga no lixo cerca de um terço de toda a comida produzida no mundo todos os anos.
Para além da crescente demanda mundial por alimentos, que deve saltar em 70% até 2050 e, por si só, já põe em xeque a oferta de terra e água para a agricultura em regiões rurais, o fórum foca o consumo de alimentos em áreas urbanas, de supermercados a restaurantes, onde grande parcela das milhares de toneladas de comida desperdiçadas por ano vai para o lixo.
O caso da própria Dinamarca, referência na redução de desperdício de alimentos, vem baseando as discussões. Na comparação com 2010, o país já reduziu em 30% seu desperdício. Em setembro, criará um fundo de incentivo a projetos que se proponham a minimizar ainda mais esse problema, com uma verba inicial de 670.000 euros. É cada vez mais comum encontrar nos supermercados locais espaços batizados de “stop food waste areas” (pare de desperdiçar, numa tradução livre). Nelas são vendidos alimentos que estão próximos do fim do prazo de validade, e também aqueles considerados feios, mas que servem perfeitamente. Segundo a ONU, o prejuízo decorrente dos alimentos desperdiçados equivale a 850 bilhões de euros, o que representa também cerca de 8% das emissões globais de gases do efeito estufa.