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Um ano depois, o que mudou na Venezuela com Juan Guaidó?

Analistas avaliam que dois pontos estão impedindo um sucesso do líder oposicionista na Venezuela: a falta de apoio popular e dos militares

Guaidó em Davos: o opositor luta para não cair no esquecimento dos holofotes internacionais (Denis Balibouse/Reuters)

Guaidó em Davos: o opositor luta para não cair no esquecimento dos holofotes internacionais (Denis Balibouse/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 23 de janeiro de 2020 às 06h20.

Última atualização em 23 de janeiro de 2020 às 06h44.

São Paulo — “Como presidente da Assembleia Nacional, perante Deus e a Venezuela, eu juro assumir formalmente as competências executivas nacionais como presidente interino da Venezuela.” Quando Juan Guaidó disse essas palavras em 23 de janeiro de 2019, o mundo inteiro se perguntou se finalmente a Venezuela passaria por uma mudança política para conter as crises provocadas pelo regime chavista. Doze meses depois, e a resposta parece um sonoro não.

Presidente da Assembleia Nacional da Venezuela e principal opositor de Nicolás Maduro, o jovem Juan Guaidó não teve um ano fácil. Ele passou boa parte dos últimos meses tentando corresponder ao apoio internacional recebido à época da sua autoproclamação, quando dezenas de países, como Brasil, Estados Unidos e membros da União Europeia, o reconheceram na posição de presidente legítimo da Venezuela.

Em fevereiro de 2019, Guaidó participou de um concerto de rock em prol da Venezuela na Colômbia bancado por magnatas, como o britânico Richard Branson, do Virgin Group.

Em abril, liderou um levante popular que visava forçar a saída de Maduro, mas cujas dimensões são hoje questionadas por analistas. Entretanto, o chavista Nicolás Maduro não saiu do lugar: até entrevista com recados de abertura aos Estados Unidos e empresas americanas ele já deu.

Apesar da boa vontade, analistas avaliam que dois pontos estão impedindo um sucesso por parte de Guaidó: a falta de apoio popular e também dos militares, um pilar fundamental que sustenta Maduro no Palácio Miraflores, a residência oficial do presidente da Venezuela. Sem ambos, há o consenso de que a remoção do chavista é virtualmente impossível.

A comunidade internacional parece não ter se abalado diante dos desafios de Guaidó, e continua a apoiá-lo. Mas, com a permanência de Maduro no poder, o opositor luta para não cair no esquecimento dos holofotes internacionais. Nesta semana, Guaidó está em turnê.

Teve encontros com o secretário de Estado dos Estados Unidos, Mike Pompeo, com o chanceler brasileiro, Ernesto Araújo, na Colômbia, e com o primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson. Nesta quinta-feira, Guaidó está em Davos, no fórum econômico mundial.

Os fatos mostram que a disputa de poder na Venezuela está longe de acabar, embora o cenário atual esteja mais favorável a Maduro, que está na presidência desde 2013, quando sucedeu a Hugo Chávez.

No meio desse xadrez, está um país em frangalhos: a inflação acumulada em 12 meses foi 5.515% em 2019, enquanto o PIB se retraiu pelo sétimo ano consecutivo e o número de pessoas que abandonaram o país chegou a 4,5 milhões. É uma situação bem parecida com a de um ano atrás, quando Guaidó virou o presidente autoproclamado.

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