Mulher mostra seu novo passaporte em Havana, Cuba (REUTERS/Enrique De La Osa)
Da Redação
Publicado em 20 de dezembro de 2013 às 22h08.
Havana - O ano de 2013 foi para muitos cubanos o das viagens, com a entrada em vigor de uma reforma migratória que pôs fim a décadas de restrições para sair da ilha e que permitiu também o retorno de mais de três mil emigrados.
Desde janeiro, quando começou a aplicação da nova lei migratória, até outubro, os mais recentes dados oficiais, os cubanos realizaram 227 mil viagens ao exterior, já que agora não precisam obter das autoridades da ilha a 'permissão de saída', um dos restritivos trâmites que deixou de ser necessário.
Esta foi uma das medidas mais populares das empreendidas pelo presidente Raúl Castro dentro de seu plano de reformas econômicas para 'atualizar' o modelo socialista cubano.
Entre os viajantes cubanos mais ativos em 2013 estão membros da dissidência e vozes críticas como a blogueira Yoani Sánchez, que após obter seu novo passaporte fez em 2013 várias excursões internacionais após anos negativas do governo para sair do país.
Dissidentes como o líder das Damas de Branco, Berta Soler, o psicólogo e jornalista independente Guillermo Fariñas, o ativista de direitos humanos Elizardo Sánchez, a família do falecido Oswaldo Payá e os opositores Manuel Cuesta Morúa e Jorge Luis García 'Antúnez' também puderam viajar para o exterior com a nova lei migratória.
No entanto, ainda estão mantidas limitações para a saída para o exterior de diretores, profissionais e atletas considerados 'vitais' para Cuba e que precisam de autorização especial para viajar.
Agora, o principal problema que os cubanos têm agora para sair da ilha, além do custo das viagens em um país onde o salário é em média de US$ 20 dólares mensais, é a obtenção de visto dos países de destino.
Com as novas leis migratórias se pretendeu, além disso, normalizar as relações com os emigrados e neste ano 3.300 cubanos que viviam fora do país se estabeleceram de novo em Cuba.
O 2013 também será lembrado na ilha caribenha pela morte do presidente venezuelano Hugo Chávez, que tornou a Venezuela o principal aliado político e econômico de Cuba no século XXI.
Chávez foi 'o melhor amigo que teve o povo cubano ao longo de sua história', definiu seu mentor político, Fidel Castro, poucos dias depois da morte do presidente venezuelano, que fez em Cuba a maior parte de seu tratamento contra o câncer detectado em 2011.
Em fevereiro Raul Castro foi confirmado para um segundo e último mandato de cinco anos, e designou como primeiro vice-presidente e 'número dois' de seu governo Miguel Díaz-Canel, de 52 anos, em um claro sinal de renovação para passar o bastão na cúpula do regime.
General Castro, de 82 anos, definiu a nomeação de Díaz-Canel como 'um passo definidor na configuração da direção futura do país, mediante a transferência paulatina e ordenada às novas gerações dos principais cargos'.
Cuba continuou este ano submergida em seu plano de reformas econômicas, que entraram em uma fase de 'maior complexidade' com anúncios como a próxima e gradual eliminação do complicado sistema de dupla moeda que rege no país.
A ilha também deu os primeiros passos para sua primeira zona de desenvolvimento especial ao redor do Mariel, o porto que ficou famoso em 1980 pelo êxodo em massa de 125 mil cubanos e que agora quer se transformar em motor da economia nacional e em foco de atração para o investimento estrangeiro.
No plano internacional, Cuba, o único país comunista do ocidente, obteve um importante respaldo de reinserção regional ao assumir em janeiro a presidência temporária da Comunidade de Estados Latino-Americanos e do Caribe (Celac), que agrupa todos os países da América, exceto Estados Unidos e Canadá.
Quanto às relações com EUA, histórico inimigo da ilha há mais de meio século, não houve grandes avanços, apesar do presidente Barack Obama ter declarado em novembro que começou a ver 'mudanças' em Cuba e que seu país precisa ser 'criativo' nas relações com o país caribenho.
Obama fez essas declarações ao participar de um encontro em Miami com um grupo de opositores cubanos, entre eles Guillermo Fariñas e o líder das Damas de Branco, Berta Soler.
Durante 2013, Cuba continuou sendo o cenário da negociação de paz entre o governo da Colômbia e as Farc, um processo que completou mais de um ano e cujos frutos até o momento são dois acordos parciais (de uma agenda de seis) sobre desenvolvimento rural e participação política.