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Últimos moradores da zona rebelde de Aleppo aguardam retirada

Mais de 25.000 pessoas já foram retiradas de Aleppo desde 15 de dezembro, mas ainda restam alguns milhares de moradores

Aleppo: o fim do processo de retirada significará a vitória militar mais importante do governo sírio desde 2011 (Ammar Abdullah/Reuters)

Aleppo: o fim do processo de retirada significará a vitória militar mais importante do governo sírio desde 2011 (Ammar Abdullah/Reuters)

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AFP

Publicado em 21 de dezembro de 2016 às 12h34.

Os últimos habitantes do reduto rebelde no leste de Aleppo aguardavam nesta quarta-feira, sob a neve, o momento de deixar a localidade, o que permitirá ao regime de Bashar al-Assad proclamar a "libertação" total da segunda maior cidade da Síria.

Mais de 25.000 pessoas já foram retiradas de Aleppo desde 15 de dezembro, mas ainda restam alguns milhares de moradores.

O processo de evacuação da zona leste da cidade acontece a um ritmo irregular e no fim de semana passado chegou a ser suspenso, após divergências entre as partes a respeito da retirada de moradores de duas localidades xiitas cercadas pelos rebeldes na província vizinha de Idlib.

O fim do processo de retirada significará a vitória militar mais importante do governo sírio desde 2011, quando teve início a guerra devastadora, que provocou a morte de 310.000 pessoas e o deslocamento de metade da população do país.

"Durante o amanhecer, 150 pessoas a bordo de dois ônibus e três ambulâncias que transportavam feridos deixaram o reduto rebelde de Aleppo", afirmou à AFP Ahmad al-Dbis, chefe de uma unidade de médicos e voluntários que coordena a retirada em Khan al-Assal, primeiro ponto de chegada em território rebelde dos moradores de Aleppo.

Um comboio de 31 ônibus e 100 veículos particulares se preparava para sair de Aleppo, indicou Al-Ddbis.

No bairro governamental de Ramusa, pelo qual passam os ônibus envolvidos na operação, nenhum comboio foi observado depois daquele que saiu ao amanhecer, de acordo com um correspondente da AFP.

A questão de Fua e Kafraya

Mais de 25.000 pessoas, rebeldes e civis, abandonaram Aleppo desde 15 de dezembro, de acordo com o Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV). Milhares de moradores ainda aguardam a transferência para outros pontos da cidade.

A demora para a retirada é motivada pela necessidade de sincronizar as saídas de Aleppo com as das localidades xiitas de Fua e Kafraya, na província de Idlib, cercadas pelos rebeldes, informou à AFP uma fonte militar síria.

"Mais de 1.700 pessoas esperam para sair de Fua e Kafraya", disse a fonte.

O acordo, com mediação da Rússia, Turquia e Irã, prevê que as saídas de Aleppo e das duas localidades xiitas devem acontecer de maneira simultânea.

A fonte militar síria espera a conclusão da retirada dos últimos moradores da parte rebelde de Aleppo nesta quarta-feira.

Mas com os últimos atrasos e dificuldades, algumas fontes acreditam que será necessário esperar um pouco mais.

Os moradores, incluindo mulheres, crianças e idosos, aguardavam sob a neve para deixar a cidade na qual viveram cercados por meses, em meio a bombardeios dos aviões sírios e russos.

Outra fonte militar síria disse à AFP que o exército deseja "limpar rapidamente a zona após a saída dos homens armados".

Na segunda-feira, o Conselho de Segurança da ONU aprovou por unanimidade o envio de 20 observadores "nacionais e internacionais" para supervisionar a retirada e informar sobre a situação dos civis.

A crise síria parece ter ficado nas mãos da Rússia e Irã, aliados indefectíveis do regime sírio, e da Turquia, que apoia os rebeldes, após a reunião dos ministros das Relações Exteriores das três nações na terça-feira em Moscou, sem a presença dos Estados Unidos nem das potências europeias.

Os três países afirmaram que são favoráveis a um cessar-fogo "ampliado" na Síria e que estavam dispostos a atuar como "avalistas" das conversações de paz que a ONU diz preparar para fevereiro em Genebra.

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