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Ultimato? UE exige explicações da Rússia sobre ataque a ex-espião

Bloco vê como "muito provável" a participação da Rússia no envenenamento de Sergei Skripal, ex-agente duplo que vivia no Reino Unido

Local no qual o ex-agente Sergei Skripal foi encontrado: UE apoia Reino Unido e exige explicações da Rússia sobre substância usada em ataque (Henry Nicholls/Reuters)

Local no qual o ex-agente Sergei Skripal foi encontrado: UE apoia Reino Unido e exige explicações da Rússia sobre substância usada em ataque (Henry Nicholls/Reuters)

Gabriela Ruic

Gabriela Ruic

Publicado em 19 de março de 2018 às 10h20.

Última atualização em 19 de março de 2018 às 10h21.

São Paulo – No dia seguinte à vitória esmagadora de Vladimir Putin, reeleito para mais seis anos como presidente da Rússia, a União Europeia (UE) se posiciona ao lado do Reino Unido e exige explicações sobre o agente nervoso usado no envenenamento do ex-espião Sergei Skripal e que também afetou sua filha, Yulia, e o policial que os atendeu.

“A UE exige que a Rússia responda urgentemente aos questionamentos levantados pelo Reino Unido e pela comunidade internacional e que divulgue todos os detalhes sobre seu programa ‘Novitchok' para a Organização para a Proibição de Armas Químicas”, disse a UE em um posicionamento oficial divulgado na manhã desta segunda-feira, após uma reunião com os 28 chanceleres dos países que compõem o bloco.

“A UE está levando com seriedade a avaliação do Reino Unido de que é muito provável que a Rússia seja a responsável (pelo ataque)”, continuou, lembrando que esse é o primeiro uso ofensivo de um agente nervoso “do tipo desenvolvido pela Rússia” em solo europeu em 70 anos.

O bloco reforçou, ainda, que o uso de armas químicas é uma “ameaça a segurança de todos nós” e viola a Convenção de Armas Químicas, tratado proíbe a produção, aquisição, estocagem, retenção, transferência e o uso deste tipo de armamento. O documento é de 1992 e foi assinado 165 países. A Rússia o assinou em 1993 e ratificou em 1997.

Relembre o caso Skripal

Nascido em 1951, Skripal trabalhou no serviço de inteligência do exército russo e chegou a coronel. Em 2004, foi detido e acusado de “traição” por ter repassado informações ao serviço de inteligência britânico. Ficou preso até 2010, quando foi perdoado pelo então presidente Dmitri Medvedev, no que foi considerada a maior troca de espiões desde o fim da Guerra Fria.

No último dia 4 de março, Skripal e sua filha Yulia foram encontrados agonizando no banco de um parque em Salisbury, Inglaterra. O policial que realizou o primeiro atendimento também foi contaminado pela substância. Todas as vítimas estão em estado grave e seguem hospitalizadas.

Substância usada no ataque

Tal substância foi identificada como um agente nervoso do grupo “Novitchok”, fabricado pela Rússia. Essa evidência fez com que o Reino Unido começasse a acusar os russos de estarem por trás do ataque, mas o Kremilin nega envolvimento.

As evidências ganharam mais fôlego depois da manifestação de um dos “pais” desses agentes químicos, Vil Mirzayanov, de 83 anos. “Somente a Rússia poderia fazer isso (…) Foi uma demonstração deliberada do poder de Vladimir Putin contra seus inimigos”, declarou o químico exilado em Princeton (Estados Unidos) ao jornal britânico The Telegraph.

Os ânimos esquentaram na semana passada quando Theresa May, primeira-ministra do Reino Unido, anunciou a expulsão de 23 diplomatas da Rússia em razão da falta de explicações de Putin. Os russos, no entanto, retaliaram em seguida ao expulsar a mesma quantidade de diplomatas britânicos do seu território.

O Reino Unido agora investiga ao menos 14 mortes ocorridas nos últimos anos e que podem ter ligação com atividades russas no país.

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