Multidão nas ruas de Londres nesta segunda-feira, 19: no aguardo da procissão que transportou o caixão da rainha (Sarah Meyssonnier - WPA Pool/Getty Images)
Da redação, com agências
Publicado em 19 de setembro de 2022 às 06h24.
Última atualização em 19 de setembro de 2022 às 17h06.
O funeral da rainha do Reino Unido, Elizabeth II, falecida no dia 8 de setembro aos 96 anos, aconteceu na manhã desta segunda-feira, 19 em Londres, na Inglaterra.
Após onze dias de luto nacional, um funeral de Estado ocorreu na Abadia de Westminster a partir das 7h (horário de Brasília) nesta manhã. O caixão foi depois transportado ao castelo de Windsor para uma cerimônia privada com membros da família real.
O evento tem sido chamado de "funeral do século" e atraiu multidões nas ruas de Londres. A última pessoa a ter um funeral de Estado no Reino Unido, uma honraria tradicionalmente destinada aos monarcas, foi o ex-premiê Winston Churchill, em 1965, que liderou o país durante a Segunda Guerra Mundial. Antes disso, o último rei morto havia sido somente o pai de Elizabeth II, rei George VI, em 1952.
"Adeus à nossa gloriosa rainha", "uma vida de serviço", afirmam as manchetes dos jornais britânicos nesta segunda-feira. Elizabeth foi monarca por 70 anos, tendo o reinado mais longevo da história da Coroa britânica.
Acompanhe abaixo os principais acontecimentos do funeral nesta segunda-feira, 19, e veja as imagens de transmissão da rede estatal britânica BBC:
https://www.youtube.com/watch?v=V_gy9DFtw5U
Membros da família real fizeram uma procissão a pé junto ao caixão nesta manhã enquanto o corpo da rainha era transportado para a Abadia de Westminster.
Estiveram no cortejo o rei Charles III e os outros três filhos de Elizabeth, princesa Anne (72 anos), príncipe Andrew (62 anos) e príncipe Edward (58 anos).
Os príncipes William e Harry, filhos de Charles, também caminharam atrás do caixão, assim como Peter Phillips, filho da princesa Anne e o neto mais velho de Elizabeth II (Anne, no entanto, não deu o título de príncipes aos filhos por escolha própria).
Os demais membros da família real foram à cerimônia antes, de carro, incluindo as esposas de William e Harry, Kate Middleton e Meghan Markle.
William, o mais velho dos filhos de Charles com a falecida princesa Diana, é agora o primeiro na linha de sucessão e nomeado príncipe de Gales, o último título antes da ascensão ao trono.
Desde a morte de Elizabeth, a dupla dos filhos do rei tem sido vista junta em algumas ocasiões oficiais nos últimos dias, em interações observadas atentamente pelo público após rusgas que levaram Harry a abandonar as funções na família real. Meghan e Harry hoje vivem nos Estados Unidos.
Por não ser mais um membro com funções oficiais na família real, Harry - que esteve no Exército britânico - não pode usar seu uniforme militar de gala durante o cortejo do caixão. O mesmo ocorre com príncipe Andrew, acusado de abuso sexual e que também teve os títulos militares retirados pela própria rainha diante da pressão pelos escândalos.
A quantidade de líderes mundiais e o funeral de modo geral representam para as forças de segurança um desafio "maior que os Jogos Olímpicos de 2012", disse o vice-comissário da Scotland Yard, Stuart Cundy.
Além das cerca de 1 milhão de pessoas que eram aguardadas pela polícia em Londres, analistas calculam que o funeral será assistido por 4,1 bilhões de pessoas no mundo, graças à televisão e às redes sociais.
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Nos últimos dias antes da cerimônia, o caixão da rainha ficou disponível para visitação do público no Westminster Hall, que faz parte do complexo do prédio do Parlamento, no que as autoridades afirmaram ser uma oportunidade de uma "última homenagem" dos cidadãos.
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A fila chegou a ter 24 horas no centro de Londres. O acesso ao caixão foi fechado por volta das 6h30 (horário de Brasília) nesta manhã, antes do funeral.
Chrissy Heerey, integrante da ativa da Força Aérea britânica (RAF), foi a última pessoa a passar pelo local. "Quando me disseram: 'Você é a última pessoa', eu respondi: De verdade?", afirmou à agência AFP a britânica, que enfrentou duas vezes a fila.
Para o funeral, o corpo foi transportado para a Abadia de Westminster, que tem capacidade para 2.200 pessoas. A cerimônia começou pouco depois das 7h (horário de Brasília, 11h no horário local).
Do lado britânico estiveram presentes a família real, a primeira-ministra Liz Truss, ex-primeiros-ministros e outras personalidades.
Também estiveram na igreja quase 200 pessoas condecoradas pela rainha em junho deste ano, incluindo profissionais da saúde que participaram na resposta à pandemia de covid-19.
"A rainha não queria cerimônias longas e cansativas, não haverá tédio, as pessoas serão transportadas para a glória ao ouvir o serviço", disse antes da cerimônia à BBC o ex-arcebispo de York, John Sentamu.
O deão de Westminster, David Hoyle, comandou a cerimônia religiosa e o arcebispo de Canterbury, Justin Welby, líder espiritual da Igreja Anglicana, pronunciou o sermão.
Após a cerimônia na Abadia de Westminster, o caixão da rainha foi transportado para o castelo de Windsor, onde foi transportado para a Capela de St. George. Nesta igreja do século 15, conhecida por ter sido cenário dos últimos casamentos reais, ocorre mais uma cerimônia religiosa com 800 convidados, incluindo funcionários do castelo. A cerimônia ocorreu por volta das 13h (horário de Brasília, já começo da noite no Reino Unido).
Na sequência, em uma última cerimônia privada, reservada aos familiares mais próximas, a rainha será sepultada no "Memorial George VI", um anexo onde foram enterrados seus pais e as cinzas de sua irmã Margaret.
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O caixão de seu marido, o príncipe Philip, foi transferido da cripta real, onde estava desde sua morte em abril de 2021, para ser enterrado ao lado do da rainha.
Dezenas de chefes de Estado e autoridades do mundo todo estiveram em Londres para o funeral, incluindo o presidente brasileiro, Jair Bolsonaro.
"Na Abadia de Westminster, prestamos uma última homenagem à Rainha Elizabeth II e apresentamos, em nome do fraterno povo brasileiro, nossas orações para que Deus console o Rei Charles III", escreveu Bolsonaro no Twitter. O presidente publicou uma imagem entrando na igreja, ao lado da primeira dama, Michelle Bolsonaro.
O presidente brasileiro Jair Bolsonaro também chegou a Londres no domingo e fez discurso a apoiadores na residência do embaixador brasileiro para o Reino Unido. Após o funeral da rainha, Bolsonaro vai a Nova York, nos Estados Unidos, para a Assembleia Geral da ONU, onde é tradição que o Brasil faça o discurso de abertura.
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Dezenas de autoridades e chefes de Estado e governo no mundo foram convidados ao funeral. Estiveram presentes nomes como os presidentes dos Estados Unidos, Joe Biden, da França, Emmanuel Macron, os monarcas da Espanha, Suécia, Noruega, Luxemburgo, Mônaco, Bélgica e Holanda, além do imperador japonês Naruhito.
Representantes de países do Commonwealth (comunidade das nações) também estiveram em Londres. O grupo representa mais de 50 países que eram colônias britânicas, 15 deles ainda tendo o monarca britânico como chefe de Estado, caso de Canadá, Austrália, Nova Zelândia e outros, cujas bandeiras foram hasteadas nas ruas da capital britânica nesta segunda-feira.
Para os países que ainda são reino, a morte da rainha Elizabeth II muda também a figura do chefe de Estado dos locais. É o caso do Canadá, cujo premiê, Justin Trudeau, teve uma reunião com o novo rei Charles III. O papel do monarca no Canadá e nos outros reinos do Commonwealth é sobretudo simbólico, e as decisões políticas ficam a cargo do premiê.
O funeral da rainha acontece onze dias após sua morte, em 8 de setembro. A morte da rainha foi confirmada na ocasião horas depois de médicos expressarem preocupação com seu estado de saúde. A saúde da rainha, de 96 anos, vinha ficando mais debilitada nos últimos anos.
Elizabeth II morreu na Escócia, no castelo Balmoral, onde era comum que a monarca passasse o verão, sobretudo agosto e setembro. A Escócia faz parte do Reino Unido, assim como a Inglaterra, Irlanda do Norte e Gales.
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No dia da morte da rainha, horas antes do comunicado de seu falecimento, seus filhos e alguns netos também foram à Escócia, o que deixou clara a gravidade da situação de saúde da monarca na ocasião. Segundo as notícias oficiais, os quatro filhos estavam já em Balmoral quando do falecimento da rainha, incluindo o rei Charles III.
(Com AFP)
*Esta página será atualizada ao longo desta segunda-feira, 19 de setembro, com novos desdobramentos sobre o funeral da rainha. Última atualização às 17h04.