A UE ainda mantém bloqueados outros 20 bilhões de euros que correspondem à Hungria (AFP/AFP)
Agência de notícias
Publicado em 1 de fevereiro de 2024 às 08h58.
Os líderes da União Europeia (UE) iniciam nesta quinta-feira, 1, uma reunião de cúpula extraordinária em Bruxelas para tentar superar o bloqueio da Hungria a um pacote de ajuda à Ucrânia de 50 bilhões de euros (267 bilhões de reais).
O primeiro-ministro húngaro, Viktor Orban, conseguiu impedir a unanimidade necessária para aprovar o pacote durante uma reunião em dezembro, uma atitude que irritou vários chefes de Estado e de Governo.
"Precisamos de um acordo dos 27 membros do bloco", afirmou o chefe de Governo da Alemanha, Olaf Scholz, ao chegar à sede do encontro.
O primeiro-ministro da Bélgica, Alexander De Croo, afirmou que está "confiante em nossa habilidade de alcançar um entendimento".
Orban é acusado de usar o veto ao pacote de ajuda à Ucrânia para obter, em troca, a liberação dos fundos europeus que correspondem a seu país e que a UE bloqueou por dúvidas sobre o Estado de Direito no país.
Pouco antes do encontro de cúpula de dezembro, a UE desbloqueou 10 bilhões de euros para a Hungria e Orban deixou a sala de reunião para permitir que a UE decida iniciasse as negociações formais com a Ucrânia para a adesão do país ao bloco.
Porém, isto não foi suficiente para que o chefe de Governo húngaro apoiasse o pacote de ajuda a Kiev.
Desde o fracasso da reunião de dezembro em Bruxelas, os negociadores da UE buscam uma fórmula que permita superar o primeiro-ministro húngaro.
Fontes do governo húngaras informaram a UE que Orban estaria disposto a apoiar o pacote de ajuda se, em troca, fosse reconhecido que terá o poder aplicar o veto a cada ano.
Diante do cenário, os países da UE sugeriram ao governo húngaro um debate anual sobre a ajuda financeira à Ucrânia, mas sem poder de veto, em um esforço para aproximar posições.
O grande pacote de ajuda é formado por 33 bilhões de euros em empréstimos a longo prazo e € 17 bilhões em garantias imediatas e transferências, durante um prazo de quatro anos, até 2027.
Antes do início formal da reunião, o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, e a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, se reuniram com Orban, o presidente da França, Emmanuel Macron, e a primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni.
O primeiro-ministro da Polônia, Donald Tusk – que já foi presidente do Conselho Europeu e, portanto, conhece bem os corredores do poder em Bruxelas – disse que "de uma forma ou de outra encontraremos uma solução, com ou sem Orban".
Os líderes presentes na reunião não têm apenas a responsabilidade de garantir o pacote de ajuda à Ucrânia, mas também precisam impedir a percepção generalizada de que permitem a chantagem da Hungria.
A UE ainda mantém bloqueados outros 20 bilhões de euros que correspondem à Hungria. Diplomatas e negociadores precisam encontrar uma solução sem que a reputação da UE seja questionada.
A cúpula "não é apenas sobre a Ucrânia, mas basicamente Orban aproveita a oportunidade para chantagear as instituições europeias", disse um diplomata.
A reunião, no entanto, começa virtualmente cercada por uma enorme manifestação de agricultores belgas, que bloquearam durante a madrugada as principais avenidas de Bruxelas com quase mil tratores e máquinas agrícolas.