Mundo

UE quer reforçar relação estratégica com o Brasil em cúpula

Finalidade é tornar mais efetiva a cooperação em assuntos como governança financeira, mudança climática e direitos humanos


	Presidente do do Conselho Europeus, Herman Van Rompuy: "juntos", o Brasil e os países do bloco podem "ser uma força positiva para a comunidade internacional"
 (Alexander Klein/AFP)

Presidente do do Conselho Europeus, Herman Van Rompuy: "juntos", o Brasil e os países do bloco podem "ser uma força positiva para a comunidade internacional" (Alexander Klein/AFP)

DR

Da Redação

Publicado em 23 de janeiro de 2013 às 09h17.

Bruxelas - O Brasil e a União Europeia vão realizar amanhã, em Brasília, sua sexta cúpula bilateral, na qual o bloco europeu buscará reforçar uma relação que considera "estratégica" e tornar mais efetiva a cooperação em assuntos como governança financeira, mudança climática e direitos humanos.

Por parte da UE, irão à cúpula os presidentes da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, e do Conselho Europeus, Herman Van Rompuy, assim como o comissário europeu de Comércio, Karel De Gucht.

"A União Europeia e o Brasil compartilham uma visão de mundo baseada na justiça internacional e uma maior igualdade social", afirmou Van Rompuy antes de viajar ao Brasil.

Segundo ele, "juntos" e como "parceiros próximos", o Brasil e os países do bloco podem "ser uma força positiva para a comunidade internacional".

Van Rompuy acrescentou que espera que amanhã as duas delegações possam analisar com a presidente Dilma Rousseff e o chanceler Antonio Patriota os caminhos para que ambos desenvolvam "uma cooperação efetiva em assuntos como governança econômica e financeira global, mudança climática, direitos humanos e assuntos de política externa".

A relação estratégica entre Bruxelas e Brasília foi estabelecida em julho de 2007 e, segundo fontes comunitárias, "gerou uma sólida diversificação marcada por intensos intercâmbios no mais alto nível político e o estabelecimento de várias áreas de diálogo".

Na reunião, serão analisados assuntos como paz e segurança internacional, incluindo o desarmamento e a não-proliferação de armas, assim como a situação econômica e financeira global, disseram as fontes.


Na agenda foi incluída a situação do Oriente Médio, o Magrebe e a África Ocidental.

Também serão abordados temas relacionados ao G20, à evolução das negociações da Rodada de Desenvolvimento de Doha por parte da Organização Mundial do Comércio (OMC), mudança climática, energia, Mercosul e o processo de negociação visando um acordo de associação ou as relações com a América Latina e o Caribe.

A UE e a América Latina e o Caribe realizarão nos dias 25 e 26 de janeiro sua cúpula bienal regional em Santiago do Chile.

"Os exclusivos laços entre a UE e Brasil ressaltam a intensidade e a amplitude de uma associação estratégica que foi crescendo e se aprofundando ao longo dos anos", afirmou Barroso a respeito da cúpula de amanhã.

"Estou convencido de que a UE e o Brasil podem liderar a promoção de uma governança multilateral mais forte, a preservação dos bens comuns, a iniciativa dos compromissos do G20, a abertura comercial e a criação de bases para um crescimento sustentável e socialmente inclusivo", acrescentou.

O presidente da Comissão Europeia disse que Bruxelas trabalhará com Brasília "para atingir esses objetivos comuns, estabelecer ligações e reduzir diferenças".

Brasil e UE vão revisar ainda o estado da cooperação bilateral em campos como ciência, tecnologia e inovação, educação e direitos humanos, e nesse sentido assinarão um memorando de entendimento para que cem cientistas brasileiros se somem ao programa europeu "Ciência sem fronteiras".


No âmbito comercial e apesar da crise global, os intercâmbios entre os dois parceiros aumentaram. O Brasil é o oitavo principal parceiro comercial da União, em nível similar ao de Coreia do Sul e Índia, segundo dados da Comissão.

Em 2011, as exportações da UE para o Brasil foram de 35,7 bilhões de euros, e as importações brasileiras cresceram 17%, para 38,9 bilhões de euros. Bens manufaturados como máquinas, veículos e produtos químicos representam 85% das exportações do bloco ao Brasil.

A UE é o principal destino das exportações brasileiras, pois recebe 21% do total, e também das importações, que são fundamentalmente matérias-primas, alimentos e bebidas como soja, café, petróleo ou ferro, entre outros.

O bloco europeu é ainda o maior investidor estrangeiro direto no Brasil, onde até 2011 dirigiu 40% de seus investimentos no exterior, com um total de 238 bilhões de euros, mais do dobro que a China.

O total dos investimentos estrangeiros diretos da UE em 2011 no Brasil foram, segundo a Comissão Europeia, de 27,5 bilhões de euros, e os brasileiras em território comunitário foram de 3 bilhões.

Acompanhe tudo sobre:DiplomaciaEuropaUnião Europeia

Mais de Mundo

Exército de Israel inicia invasão por terra contra Hezbollah no sul do Líbano

Três brasileiros são presos sob suspeita de assassinato de francês em Bruxelas

Tentativa de assassinato de Donald Trump: acusado nega crimes

Le Pen e seu partido vão a julgamento na França sob acusação de desvio fundos da União Europeia