Ucrânia: Rússia continua a bombardear várias cidades na Ucrânia no momento em que a guerra entra em seu sexto mês (AFP/AFP)
AFP
Publicado em 17 de julho de 2022 às 12h21.
Os ministros das Relações Exteriores da União Europeia (UE) debatem, na segunda-feira (18), se devem endurecer as sanções contra a Rússia, cujo Exército continua a bombardear várias cidades na Ucrânia no momento em que a guerra entra em seu sexto mês.
Segunda cidade da Ucrânia, no nordeste do país, Kharkiv foi alvo de mísseis na noite de sábado (16), informou o governador da região, Oleg Synegubov.
"Por volta das três da manhã, no distrito de Kyivsky (de Kharkiv), um dos andares de um complexo industrial de cinco andares pegou fogo após a queda de mísseis. Uma mulher de 59 anos ficou ferida e está hospitalizada", afirmou.
Vitaliy Kim, governador da região de Mykolaiv (sul), perto do Mar Negro, também denunciou vários ataques cometidos no sábado e na manhã deste domingo (17).
"Por volta de 3h05, Mykolaiv foi atingida por um bombardeio em massa. Até o momento, temos informações de um incêndio em duas plantas industriais", disse ele, acrescentando que as cidades de Shevchenkove, Zoria e Novoruske também foram bombardeadas ontem.
"Três pessoas morreram, e outras três ficaram feridas em Shevchenkove", e uma mulher morreu em um bombardeio em Shyrokiv, onde "um prédio residencial foi destruído", relatou.
A região de Donetsk (leste) também foi alvo dos "russos (que) continuam bombardeando a infraestrutura civil", disse o governador da região, Pavlo Kyrylen.
Nesse contexto, os ministros da UE avaliarão várias propostas, entre elas uma da Comissão Europeia, que recomenda proibir a compra de ouro da Rússia e, assim, alinhar as sanções com seus parceiros do G7. Outra proposta é incluir novas autoridades russas à lista negativa do bloco.
"Moscou deve continuar pagando um preço alto por sua agressão", disse a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.
A avaliação da UE sobre a possibilidade de se adotar novas sanções acontece na esteira de um relatório divulgado pela operadora ucraniana de energia nuclear, que acusou as forças russas de implantarem lançadores de mísseis na central nuclear de Zaporizhia. Esta área está sob controle russo desde março deste ano.
"A situação [na planta nuclear] é extremamente tensa, e a tensão aumenta a cada dia. Os ocupantes estão trazendo seu maquinário, incluindo os sistemas de mísseis, com os quais atacaram o outro lado" do rio Dnipro e "o território Nikopol", 80 km a sudoeste de Zaporizhzhia, relatou, acrescentando que cerca de 500 soldados russos permanecem na usina, controlando-a.
A maior central nuclear da Ucrânia caiu nas mãos das forças russas no início de março, pouco depois do início da invasão da Ucrânia, em 24 de fevereiro.
Em um discurso dirigido aos ucranianos, Zelensky afirmou que a resistência conseguiu recuperar parte do território perdido para a Rússia desde o início da guerra, e que continuará recuperando zonas ocupadas.
"Resistiremos. Venceremos. E reconstruiremos nossas vidas", disse.
No momento, a maior parte dos combates está concentrada no sul e na bacia mineira e industrial do Donbass, no leste.
As forças separatistas no Donbass afirmam que continuam avançando e em processo de retomada do controle total da cidade de Siversk, atacada depois da tomada de Lysyschansk, mais a leste, no início do mês.
De acordo com o Ministério da Defesa do Reino Unido, "as forças russas avançam lentamente para o oeste, após bombardeios e assaltos em direção a Siversk, (lançados) de Lysychansk, para abrir uma rota para Sloviansk e Kramatorsk".
Sem especificar a data do deslocamento, o Ministério russo da Defesa anunciou ontem que o ministro Serguei Shoigu visitou os soldados envolvidos na ofensiva. Foi a segunda vez, desde o início do conflito. Também não foi especificado se a visita ocorreu na Ucrânia, ou na Rússia.
Shoigu "deu as instruções necessárias para incrementar" as medidas que impeçam que "Kiev lance bombardeios em massa [...] contra as infraestruturas civis e contra os edifícios residenciais no Donbass e em outras regiões", indicou o ministério.
A guerra na Ucrânia entrará em seu sexto mês em 24 de julho. Até agora, não se tem um número total oficial de vítimas civis do conflito.
A ONU afirma que há cerca de 5.000 mortos confirmados, incluindo mais de 300 crianças, mas que o número real é, provavelmente, muito maior.
Somente na cidade de Mariupol (sudeste), que caiu em maio após um terrível cerco, as autoridades ucranianas indicam que houve 20.000 mortos.