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UE propõe implementar tarifas 'proibitivas' para cereais russos

Medidas tornarão as importações de cereais russos "comercialmente inviáveis" e ajudarão a acabar com de exportar ilegalmente grãos ucranianos roubados

União Europeia: o governo da Rússia advertiu a medida prejudicará os consumidores europeus (AFP/AFP Photo)

União Europeia: o governo da Rússia advertiu a medida prejudicará os consumidores europeus (AFP/AFP Photo)

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Agência de notícias

Publicado em 22 de março de 2024 às 08h45.

Última atualização em 22 de março de 2024 às 08h45.

A União Europeia (UE) apresentou uma proposta para implementar tarifas "proibitivas" para as importações de cereais russos e, de maneira imediata, o governo da Rússia advertiu a medida prejudicará os consumidores europeus.

Em Bruxelas, o comissário europeu do Comércio, Valdis Dombrovskis, anunciou que o projeto é aplicar tarifas elevadas aos cereais russos para secar uma fonte de recursos do governo de Moscou.

O comissário, no entanto, disse que as tarifas não afetarão os grãos russos que entram no espaço europeu "em trânsito para terceiros países".

Dombrovskis disse que a proposta apresentada nesta sexta-feira é "um passo oportuno e necessário".

Estas medidas tornarão as importações de cereais russos "comercialmente inviáveis" e "ajudarão a acabar com a prática russa de exportar ilegalmente para a UE grãos ucranianos roubados", acrescentou.

Ao ser questionado sobre a proposta, o porta-voz do governo russo, Dmitri Peskov, disse que "os consumidores na Europa vão definitivamente sofrer".

"Este é outro claro exemplo de concorrência desleal", acrescentou.

Segundo fontes da Comissão Europeia, a Rússia exportou 4,2 milhões de toneladas de cereais, oleaginosas e produtos derivados para a UE em 2023, no valor de 1,3 bilhão de euros (1,4 bilhão de dólares, 6,9 bilhões de reais).

Tarifas

As tarifas também serão aplicadas às importações de cereais, oleaginosas e derivados procedentes de Belarus, segundo o comissário.

Uma fonte europeia destacou que "os preços destes produtos na UE caíram considerável e progressivamente desde o segundo semestre de 2022, quando os preços atingiram níveis recordes como resultado da crise alimentar criada pela agressão da Rússia contra a Ucrânia".

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, surpreendeu na quinta-feira ao antecipar a iniciativa durante uma reunião de cúpula dos governantes da UE, que foi marcada por uma reclamação intensa do presidente da Ucrânia, Volodimir Zelensky.

A UE decidiu nesta semana definir limites à importação de produtos agrícolas isentos de tarifas procedentes da Ucrânia, uma medida que havia provocado a fúria dos produtores europeus.

Durante o encontro de cúpula de quinta-feira, Zelensky discursou por videoconferência e reclamou do fato de a UE adotar limites para a entrada de grãos ucranianos, enquanto a Rússia continua com acesso irrestrito ao mercado europeu.

"Constatamos que, infelizmente, o acesso da Rússia ao mercado agrícola europeu permanece ilimitado, enquanto os grãos ucranianos são jogados nas ferrovias e estradas (por agricultores europeus). Isto é injusto", criticou.

Segundo as normas da Organização Mundial do Comércio (OMC), as importações agrícolas da Rússia são isentas dos direitos de importação da UE.

A Rússia também reforçou nesta sexta-feira os alertas sobre o plano da UE de utilizar, a favor da Ucrânia, os rendimentos de ativos russos congelados pelas sanções europeias.

Este cenário significará "graves consequências para aqueles que definem e para aqueles que implementam" (as medidas), afirmou o Kremlin.

Na quinta-feira, os líderes da UE concordaram em avançar com o plano da Comissão Europeia de utilizar os rendimentos para comprar armas para a Ucrânia e apoiar a indústria de defesa de Kiev.

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